O Brasil alcançou, em 2025, sua melhor posição no Global Firepower Index desde 2019. O país subiu para o 11º lugar entre as maiores potências militares do planeta, superando nações como Alemanha, Irã e Austrália, e consolidando-se como a força mais expressiva da América do Sul. O avanço foi impulsionado pela modernização das Forças Armadas, pela expansão da indústria nacional de defesa e pela incorporação de aeronaves estratégicas, como o Gripen E e o KC-390, fabricado pela Embraer.
O relatório anual do Global Firepower, considerado um dos levantamentos militares mais abrangentes do mundo, utiliza mais de 60 indicadores para avaliar o poder de combate de cada país. Entre os critérios analisados estão capacidades logísticas, situação financeira, quantidade de unidades militares, força de trabalho disponível, reservas estratégicas e fatores geográficos.
Segundo os elaboradores do índice, “uma pontuação perfeita é inatingível. Quanto menor a pontuação, maior é o poder militar convencional”. O estudo destaca, ainda, que nações menores, porém altamente tecnológicas, conseguem disputar posições com gigantes que possuem grandes contingentes, mas estruturas menos avançadas.
Brasil cresce, mas enfrenta limitações
Apesar do salto no ranking, o documento aponta desafios importantes para o país. O orçamento de defesa brasileiro, embora crescente, ainda está abaixo da média global e limita o ritmo de modernização. Há gargalos significativos na interoperabilidade entre as Forças Armadas, dependência de componentes importados, infraestrutura logística defasada e um cronograma irregular de renovação de equipamentos.
Especialistas apontam que o Brasil tem potencial para figurar no top dez, mas depende de estabilidade orçamentária, fortalecimento da indústria nacional, ampliação de projetos estratégicos e maior integração entre Marinha, Exército e Aeronáutica.
Ainda assim, a presença de aeronaves modernas, o desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro (previsto na parceria com a França), os programas espaciais e a capacidade da indústria aeronáutica são vistos como diferenciais relevantes na formação do posicionamento militar do país.
As maiores potências militares de 2025
O ranking de 2025 traz um cenário global marcado por tensões estratégicas, rivalidade entre grandes potências e ascensão de novos atores na arena militar.
1. Estados Unidos liderança consolidada
Os EUA permanecem no topo, com o maior orçamento de defesa do mundo e presença militar em mais de 80 países. A nação investe fortemente em armas hipersônicas, sistemas autônomos de combate, defesa espacial e inteligência artificial militar.
Segundo o relatório, o país se apoia em:
- vasto potencial industrial
- recursos financeiros robustos
- grande contingente humano
- infraestrutura logística incomparável.
A hegemonia norte-americana permanece inalterada desde 2005 no ranking do GFP.
2. Rússia foco em modernização sob sanções
A Rússia aparece em segundo lugar, apoiada em um dos maiores arsenais nucleares do planeta e em investimentos intensos em guerra eletrônica, mísseis hipersônicos e forças navais.
Apesar das sanções ocidentais e do prolongamento do conflito no leste da Ucrânia, Moscou mantém apoio estratégico de aliados, como China, Coreia do Norte e Irã.
3. China potência em ascensão
A China permanece na terceira posição e segue como principal candidata a ultrapassar a Rússia nos próximos anos. O país destaca-se como líder mundial na produção de drones e avança rapidamente na modernização naval, colocando em operação submarinos e navios de última geração.
O relatório ressalta que:
- Taiwan segue como prioridade
- 2027 representa o marco final da atual fase de modernização chinesa.
4. Índia cooperação e expansão
A Índia mantém-se em quarto lugar, com um dos maiores orçamentos militares do mundo. O país investe em tecnologias espaciais, modernização terrestre e aérea, e fortalece parcerias com Estados Unidos, França e Japão, consolidando sua influência no Indo-Pacífico.
5. Coreia do Sul tecnologia e dissuasão
A Coreia do Sul permanece entre as forças mais avançadas da Ásia. Com grande contingente e forte integração tecnológica, aposta na incorporação de inteligência artificial e sistemas autônomos.
Se beneficia do apoio militar norte-americano e de uma poderosa indústria de defesa.
6. Reino Unido foco em inteligência e defesa avançada
O Reino Unido ocupa o sexto lugar, sustentado por:
- submarinos nucleares
- caças F-35
- sistemas de defesa de última geração
- e uma das redes de inteligência mais influentes do mundo.
7. França potência global multifacetada
A França combina capacidade nuclear, produção militar diversificada e forte presença em operações internacionais. Mantém atuação ativa na África, no Oriente Médio e lidera iniciativas europeias de cooperação em defesa.
8. Japão expansão no Pacífico
O Japão amplia investimentos em marinha e força aérea, moderniza equipamentos e flexibiliza suas restrições legais para participar de operações internacionais. O país reforça alianças no Pacífico, especialmente com EUA e Austrália.
9. Turquia força em ascensão na Otan
A Turquia ocupa o nono lugar e destaca-se como a segunda maior força em efetivo dentro da Otan. Avança na produção de:
- drones de combate,
- sistemas antimísseis,
- equipamentos blindados,
- e construção naval.
É considerada “uma potência a ser observada” em 2025.
10. Itália influência silenciosa
A Itália fecha o top 10, mantendo sua posição desde 2023. Possui localização estratégica no Mediterrâneo, presença ativa em coalizões da Otan e capacidade crescente em defesa cibernética e modernização da frota aérea.
Disputa por influência global cresce em meio a tensões internacionais
A ascensão brasileira ocorre em um cenário global marcado por conflitos, competição tecnológica e redefinição de alianças. Estados Unidos e China disputam hegemonia em áreas sensíveis, como inteligência artificial, defesa espacial e segurança no Indo-Pacífico. Potências emergentes, como Índia, Turquia e Coreia do Sul, ampliam influência regional e protagonismo militar.
Para analistas, o Brasil assume um papel relevante na América do Sul, mas ainda carrega expectativas de maior participação em missões internacionais, expansão de acordos estratégicos e postura mais ativa em fóruns multilaterais de defesa.
O desafio brasileiro para o futuro
Apesar de avanços claros, o Brasil ainda enfrenta obstáculos para se consolidar como potência militar de referência global. Entre os pontos críticos estão:
- dependência de peças e tecnologias importadas,
- orçamento irregular,
- baixa interoperabilidade entre as Forças,
- necessidade de atualização contínua da frota naval e dos meios terrestres,
- expansão de políticas industriais de defesa.
A modernização em curso, aliada ao fortalecimento da indústria nacional, pode redefinir o papel do Brasil no cenário global de segurança e defesa nos próximos anos.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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