Na madrugada deste sábado (5), um resgate dramático mobilizou policiais em Soure, na Ilha do Marajó (PA).
O pedido de socorro veio ainda na noite do da sexta-feira (4). Raimundo Trindade Telles, estava em um dos portos, próximo a região onde a embarcação naufragou e recebeu o chamado de emergência. Na embarcação Ana Clara II, estavam cerca de 65 pessoas. O destino final era a comunidade Ganhõao no extremo norte da ilha do Marajó.
A embarcação teria sofrido uma pane no motor, após enfrentar fortes correntezas e colidir com pedras. Ao receber o chamado, o 2º Tenente Nazareno, oficial determinou o envio de uma lancha ao local. Ao chegarem, os policiais encontraram dezenas de vítimas na água – inclusive crianças e recém-nascidos – tentando desesperadamente sobreviver.
Entre os momentos mais difíceis do resgate, segundo os agentes, uma criança de aproximadamente dois anos foi encontrada dentro de uma caixa de isopor, junto ao pai que já não tinha forças para nadar. Ambos foram resgatados a tempo. Em outro ponto do rio, um recém-nascido foi salvo em uma caixa de isopor segundos antes dos pais se lançarem à água. Graças a ajuda também de voluntários e barqueiros, todos foram salvos.
A rotina de quem precisa fazer sempre essa travessia é de medo constante. A maior parte das viagens até a comunidade do Ganhoão é feita de forma clandestina. Não existe fiscalização. Centenas de pessoas se arriscam todos os dias em barcos superlotados, sem estrutura de salvamento, num percurso que dura mais de 15 horas.
Uma das vítimas, morador da comunidade, conversou com exclusividade com o Mdnews. O homem que prefere não se identificar, contou que no momento do naufrágio houve pânico e não havia coletes salva-vidas para todos os passageiros. O barco estava superlotado. Ele e outro homem, só conseguiram se salvar, porque viram uma pequena rabeta que estava em cima da embarcação. Os dois então conseguiram colocar mulheres e crianças dentro do barco e foram até a cidade mais próxima. “Graças a Deus consegui me manter tranquilo para me salvar e ajudar a salvar os outros”, relembra aliviado.
A ação rápida dos policiais militares também fez diferença. O Sargento Fernandes, Cabo Rodrigues e Soldado Rômulo, trabalharam de forma incansável para retirar todas as vítimas da água.
Como ajudar as vítimas
A maior parte dos sobreviventes foi levada para uma escola estadual, em Salvaterra. A população está mobilizada e arrecada donativos para ajudar os passageiros que perderam tudo no naufrágio. Neste momento eles precisam de roupas, alimentos, produtos de higiene. Voluntários também ajudam com refeições e acolhimento.
Para ajudar, entre em contato com a Professora Gener Araújo: (91) 99103-1673.
Márcia Dantas é jornalista, paraense, mãe do Gabriel, esposa do Rafael, e apaixonada pelo movimento e tudo que pulsa forte, pelo colorido. Gosta de abrir espaços para sempre caber mais um. Idealizadora do MDnews, com a missão de informar para transformar.
