A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcou o início de uma nova fase diplomática entre Brasil e EUA. O encontro ocorreu neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, e durou 47 minutos, com acompanhamento direto do chanceler brasileiro Mauro Vieira, que classificou o saldo como “muito produtivo”.
“Muito produtiva. O saldo final é ótimo. Trump declarou que dará instruções à sua equipe para começar um processo de negociação bilateral, para que tudo seja resolvido em pouco tempo”, afirmou Mauro Vieira.
Segundo o chanceler, as orientações de Trump foram dadas ainda durante o encontro, e as primeiras reuniões entre diplomatas dos dois países devem ocorrer já nesta segunda-feira (27).
O foco inicial será a revisão das tarifas de exportação impostas aos produtos brasileiros e o fortalecimento das relações comerciais entre as duas nações.
“Trump informou que deu instruções aos secretários para iniciar imediatamente as conversas com a diplomacia brasileira. As reuniões começam agora, e o objetivo é resolver essas questões tarifárias o quanto antes”, completou o ministro.
Mauro Vieira também confirmou que Lula pediu a suspensão temporária das tarifas em vigor enquanto durar o processo de negociação. Segundo o ministro, o pedido foi bem recebido por Trump e pela equipe econômica norte-americana.
Durante a coletiva de imprensa antes da reunião, Donald Trump evitou citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, limitando-se a uma resposta breve quando o tema foi mencionado.
A postura, segundo analistas, mostra que o foco de Trump é pragmático e econômico, não político.
O líder americano também manifestou interesse em visitar o Brasil e elogiou a trajetória política de Lula. Em tom descontraído, o presidente brasileiro disse que “não há assunto que não possa ser tratado entre os dois” e se ofereceu para atuar como ponte de diálogo entre Estados Unidos e Venezuela, em busca de “ajudar na paz entre os países”.
Antes mesmo do encontro, o ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, declarou à BBC News Brasil que o tema Bolsonaro estava “encerrado” para o governo norte-americano.
Segundo Shannon, Trump reconhece que não há espaço para interferências políticas e que prefere concentrar esforços em acordos bilaterais de impacto econômico.
“Trump é pragmático. Ele sabe quando insistir e quando mudar de frente. Agora o foco é o comércio”, afirmou o diplomata.
Para o Itamaraty, o encontro em Kuala Lumpur representa a retomada efetiva do diálogo político e comercial entre Brasil e Estados Unidos, após anos de distanciamento diplomático e tensões comerciais.
A expectativa é que um novo encontro entre Lula e Trump ocorra ainda antes do fim de novembro, possivelmente em Washington ou Nova York, consolidando uma reaproximação histórica entre as duas maiores economias das Américas.
Por David Gonçalves, correspondente internacional | Revisão: Redação MD News
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