A COP, sigla para Conferência das Partes, é o encontro anual dos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O objetivo é debater e negociar soluções conjuntas para enfrentar o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Desde 1995, as COPs reúnem quase 200 países em busca de compromissos comuns para conter os impactos da crise climática. Entre os marcos históricos estão o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015), que estabeleceram metas globais de redução de emissões.
Neste ano, o Brasil volta a ser protagonista ao sediar a COP30, que acontece em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro. A escolha da capital paraense é simbólica: além de abrigar parte da Floresta Amazônica, Belém representa a conexão entre os debates ambientais e os povos que vivem na região.
Antes da conferência principal, o país recebe a Cúpula do Clima, nos dias 6 e 7 de novembro, reunindo chefes de Estado e lideranças internacionais. Os encontros, comandados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se concentram em três eixos: Clima e Natureza, Transição Energética e os 10 anos do Acordo de Paris.
“Queríamos desafios. E queríamos que o mundo viesse conhecer a Amazônia”
Durante entrevista a jornalistas estrangeiros em Belém, nesta terça-feira (4), Lula destacou os desafios e o simbolismo de levar a conferência para o coração da Amazônia.
“Quando decidimos trazer a COP para o estado do Pará, para a cidade de Belém e para a Amazônia, a primeira coisa que nós fizemos foi assumir um desafio contra pessoas que acreditavam que a gente não poderia fazer uma COP na Amazônia. Nós queríamos desafios. E queríamos que o mundo viesse conhecer a Amazônia”, afirmou o presidente.
O otimismo de Lula tem base em quatro pilares: local, estrutura, povo e culinária. “O local está maravilhoso e preparado para receber quem quiser vir. A estrutura é boa, o povo de Belém é alegre e acolhedor, e nós temos uma culinária invejável. Os estrangeiros que vierem vão comer bem e se sentir em casa”, disse.
Lula também ressaltou a importância de mostrar ao mundo a diversidade dos biomas brasileiros: “Além da Amazônia, nós temos o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pantanal e o Pampa. Todos igualmente importantes para o equilíbrio climático”. E concluiu:
“Tenho certeza de que nós vamos fazer a melhor COP de todas as COPs já realizadas até hoje. Nós já fizemos o melhor G20, já fizemos o melhor BRICS, e vamos fazer a melhor COP de todas.”
Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Durante a COP30, o Brasil lançará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), iniciativa que pretende mudar a forma de financiar a preservação ambiental. A proposta é substituir o modelo de doações por investimentos com retorno financeiro, remunerando países que mantêm suas florestas em pé.
“Estamos querendo sair da era da doação. A doação é muito importante, mas é sempre muito aquém daquilo que as pessoas precisam”, explicou Lula.
Segundo o presidente, o fundo deve ser administrado por instituições como o Banco Mundial e poderá envolver mais de 70 países com florestas tropicais, além de investidores privados e fundos de pensão. “Será um fundo de ganha-ganha. Parte da rentabilidade volta para os investidores, e outra parte financia os países que preservam”, completou.
Estrutura da COP30
A conferência será dividida em três áreas principais:
- Zona Azul, onde acontecem as negociações oficiais entre os governos;
- Zona Verde, aberta ao público, com exposições, atividades educativas e debates;
- Eventos paralelos, com fóruns sobre energia limpa, desmatamento e justiça climática.
Nesta edição, as conversas estarão organizadas em quatro Círculos de Liderança:
- Balanço Ético Global, liderado por António Guterres, Lula e Marina Silva;
- Círculo de Ministros de Finanças, com Fernando Haddad, para debater o financiamento climático;
- Círculo de Povos, comandado por Sonia Guajajara, dando voz a indígenas e comunidades tradicionais;
- Círculo de Presidentes, com ex-líderes de COPs, buscando acelerar o cumprimento do Acordo de Paris.
O Brasil no centro das decisões
Para Lula, a COP30 será “a COP da verdade” — um momento para transformar promessas em ações concretas. “Tudo começou com a Rio-92. De lá para cá, já tivemos várias COPs, muitas decisões tomadas e muitas não executadas. Esta precisa ser a conferência do compromisso real com a ciência e com o planeta”, afirmou.
Ao escolher Belém como sede, o Brasil reforça seu papel de mediador entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, além de demonstrar liderança na transição energética, já que 87% da matriz elétrica brasileira é renovável.
Por: Laís Queiroz | Revisão: Daniela Gentil
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