O governo federal abriu, nesta quarta-feira (2), as inscrições para a segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), conhecido popularmente como o “Enem dos Concursos”. A iniciativa, que centraliza a seleção para diversos órgãos federais em um único processo seletivo, vai oferecer 3.652 vagas de emprego público em 32 instituições federais. O prazo para inscrições vai até 20 de julho, e as provas serão aplicadas em duas etapas: a primeira em outubro e a segunda em dezembro.
A proposta do CPNU é tornar mais eficiente, democrático e menos custoso o acesso ao funcionalismo público federal. Inspirado no modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o concurso busca unificar processos seletivos que antes eram conduzidos separadamente por cada órgão público. O objetivo, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, é atrair talentos de todas as regiões do Brasil e democratizar as oportunidades de ingresso no setor público.
Como funcionará o concurso
O novo modelo será dividido em duas etapas de provas. A primeira fase será realizada em 5 de outubro, com a aplicação de provas objetivas para todos os candidatos. Já a segunda etapa está marcada para 7 de dezembro e consistirá em provas discursivas, restritas apenas aos candidatos classificados na primeira fase e convocados para continuar no processo.
Além disso, o governo informou que reforçou os sistemas de segurança e controle de fraudes. Cada prova será personalizada com códigos de barras individuais para garantir o sigilo dos candidatos. Essa medida visa aumentar a transparência na correção das provas e minimizar qualquer possibilidade de identificação do participante pelos avaliadores.
Outra mudança importante nesta edição envolve a política de cotas. O novo edital aprimorou o sistema de reserva de vagas para incluir pessoas negras, indígenas, com deficiência e egressos de escolas públicas, buscando ampliar a diversidade nos quadros da administração federal.
Etapas de inscrição
Para participar do CPNU, os interessados devem se inscrever exclusivamente pela plataforma Gov.br, até o dia 20 de julho. Qualquer cidadão pode participar, desde que tenha uma conta ativa no Gov.br mesmo que seja no nível básico.
A taxa de inscrição será única, no valor de R$ 70, independentemente da quantidade de cargos ou órgãos escolhidos. O edital prevê isenção da taxa para inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), doadores de medula óssea, estudantes com bolsa do ProUni e beneficiários do FIES.
Vagas distribuídas por áreas
O concurso está organizado por blocos temáticos, agrupando as vagas por áreas de atuação. Isso facilita a escolha dos candidatos e a distribuição das vagas conforme o perfil profissional. Os blocos e suas respectivas vagas são os seguintes:
Bloco 2 – Cultura e Educação: 130 vagas
Bloco 3 – Ciências, Dados e Tecnologia: 211 vagas
Bloco 4 – Engenharias e Arquitetura: 306 vagas
Bloco 5 – Administração e Finanças Públicas: 1.172 vagas
Bloco 6 – Desenvolvimento Socioeconômico: 285 vagas
Bloco 7 – Justiça e Defesa: 250 vagas
Bloco 8 – Saúde (nível médio): 168 vagas
Bloco 9 – Regulação (nível médio): 340 vagas
O Bloco 1, geralmente reservado para cargos transversais de nível superior, não consta na atual divisão divulgada. O modelo possibilita que um mesmo candidato dispute diferentes cargos em áreas correlatas, utilizando a mesma pontuação da prova objetiva para classificação em mais de uma opção.
Salários variam de R$ 4,7 mil a R$ 17 mil
As oportunidades incluem tanto cargos de nível médio técnico quanto de nível superior, com remunerações iniciais bastante atrativas. Os menores salários são para cargos de técnico em enfermagem e técnico em radiologia, que partem de R$ 4.787,59. Já as maiores remunerações, que chegam a R$ 17.726,42, são destinadas a cargos de especialista em geologia e geofísica do petróleo e gás natural, bem como em regulação de petróleo e derivados, ambos na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Entre os órgãos que oferecerão vagas estão o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Ministério da Educação, entre outros.
Resultados e nomeações
O resultado final do concurso está previsto para janeiro de 2026, e as nomeações devem ocorrer ao longo do primeiro semestre daquele ano. O governo federal destaca que, com a centralização dos concursos, haverá redução de custos operacionais, além de maior transparência e agilidade na contratação de servidores.
De acordo com o Ministério da Gestão, o modelo anterior com cada órgão realizando seu próprio concurso acabava limitando a concorrência e gerava desigualdade de acesso, principalmente para candidatos de estados mais distantes dos grandes centros. Agora, as provas serão aplicadas em centenas de municípios, garantindo maior alcance territorial.
A criação do “Enem dos Concursos” representa um passo importante para a modernização da máquina pública e para a democratização do serviço público federal. Ao adotar um modelo unificado e acessível, o governo pretende atrair mais talentos de diferentes regiões e perfis, aumentando a diversidade nos quadros da União.
A expectativa é de que, nos próximos anos, o CPNU se torne a principal porta de entrada para o funcionalismo federal, com edições regulares e cada vez mais vagas. Candidatos interessados devem ler atentamente o edital, organizar seus estudos e acompanhar as atualizações no site www.gov.br.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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