A escritora Ana Maria Gonçalves, foi eleita para a cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feira (10), recebendo 30 dos 31 votos. Ana assume o posto que estava vago desde o falecimento do filólogo Evanildo Bechara, em maio de 2025.
Com a decisão, Ana Maria se torna a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição, fundada em 1897, marcando um momento histórico após 128 anos de fundação.
QUEM É ANA MARIA?
Ana Maria Gonçalves nasceu em 13 de fevereiro de 1970, na cidade de Ibiá (MG). Formada em publicidade, trabalhou por mais de uma década em São Paulo antes de se dedicar inteiramente à literatura. Em 2002, mudou-se para a Ilha de Itaparica (BA), onde publicou seu primeiro romance independente, Ao lado e à margem do que sentes por mim. A tiragem de mil exemplares esgotou-se rapidamente.
Seu segundo romance, Um Defeito de Cor (2006), conquistou repercussão nacional e internacional. Com cerca de 952 páginas, conta a saga de Kehinde, mulher africana escravizada em Salvador no século XIX, inspirada em personagens históricos como a suposta líder Luíza Mahin.
Premiado com o Casa de las Américas (2007), o livro foi reconhecido pela Folha de São Paulo como uma das obras mais importantes para compreender o Brasil pós-independência.
O romance também inspirou uma exposição no Museu de Arte do Rio e, em 2024, foi tema de samba-enredo da Portela, que levou o Estandarte de Ouro no Carnaval.
Além de romancista, Ana Maria é roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. Foi escritora residente em diversas universidades dos EUA, como Tulane (2007), Stanford (2008) e Middlebury (2009). Também atuou como colunista no The Intercept Brasil (2016–2017), abordando questões raciais e culturais.
Em 2013, recebeu a comenda da Ordem de Rio Branco por sua atuação antirracista.
Momento histórico e tardio no Brasil
Em 10 de julho de 2025, Ana Maria Gonçalves se tornou a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras, após 128 anos de existência da instituição. Além desse marco histórico, ela também é a mais jovem integrante do atual quadro. Sua eleição representa um momento simbólico de representatividade, valorização da cultura e reconhecimento do papel de uma escritora engajada, que dedicou sua trajetória à educação, à literatura e à transformação social por meio da palavra.
Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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