Referência na cultura brasileira e no feminismo, Heloisa Teixeira faleceu nesta sexta-feira (28/03), no Rio de Janeiro, aos 85 anos. A escritora, crítica cultural e acadêmica morreu em decorrência de complicações de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda, enquanto estava internada na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea.
A morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), instituição da qual Heloisa era integrante desde 2024, ocupando a cadeira 30, anteriormente pertencente à escritora Nélida Piñon.
Quem foi Heloisa Teixeira?
Nascida em Ribeirão Preto (SP), Heloisa Teixeira (antes conhecida como Heloísa Buarque de Hollanda) teve uma trajetória marcante na literatura, no ativismo feminista e nas reflexões sobre a cultura brasileira. Formada em Letras Clássicas pela PUC-Rio, ela também era mestre e doutora em Literatura Brasileira pela UFRJ, além de possuir pós-doutorado em Sociologia da Cultura pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Contribuições para a literatura, cultura e feminismo
Heloisa foi autora, curadora, editora e gestora cultural. Atuou como diretora da Aeroplano Editora, da Editora da UFRJ, do Museu da Imagem e do Som (MIS), e também produziu conteúdos audiovisuais para programas como Culturama (TVE) e Café com Letra (Rádio MEC).
Ao longo da carreira, tornou-se referência em temas como:
- Poesia marginal
- Relações de gênero e feminismo
- Culturas periféricas e urbanas
- Cultura digital e crítica cultural contemporânea
Obras marcantes de Heloisa Teixeira
Entre os livros mais conhecidos da autora, destacam-se:
- 26 Poetas Hoje (1976) – marco da poesia marginal brasileira, que revelou nomes como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal
- Feminista, eu?
- Explosão Feminista – Arte, Cultura, Política e Universidade
- Cultura e Participação nos Anos 60
- Macunaíma, da Literatura ao Cinema
- Escolhas – Uma Autobiografia Intelectual
- Guia Poético do Rio de Janeiro
- Pós-modernismo e Política
Mudança de nome e reconhecimento tardio
Até 2020, assinava seus livros como Heloísa Buarque de Hollanda, sobrenome de seu ex-marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda. Já aos 80 anos, passou a assinar como Heloisa Teixeira, adotando o sobrenome de sua mãe — um gesto simbólico que reforça a autonomia de sua identidade intelectual e política. Em 2024, tornou-se a décima mulher a ocupar uma cadeira na ABL, um marco em sua trajetória de décadas dedicada à literatura e à crítica cultural.
Heloisa Teixeira deixa três filhos e um legado indiscutível como intelectual, feminista e formadora de gerações de leitores e pensadores. Sua obra segue como referência nos estudos sobre cultura, gênero e sociedade no Brasil.
Por Lorrayne Rosseti | Revisão: Redação

Márcia Dantas é jornalista, paraense, mãe do Gabriel, esposa do Rafael, e apaixonada pelo movimento e tudo que pulsa forte, pelo colorido. Gosta de abrir espaços para sempre caber mais um. Idealizadora do MDnews, com a missão de informar para transformar.