Após Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos vindos do Brasil, o renomado economista americano e ganhador do Nobel, Paul Krugman, não poupou palavras ao criticar o presidente dos EUA. De acordo com Krugman, tal ação carece de fundamento econômico e, em um sistema democrático que funcione, seria razão forte o bastante para iniciar um processo de impeachment.
Em um artigo divulgado na quarta-feira (9) em seu blog no The New York Times, chamado “O Plano de Trump para Proteger Ditadores“, Krugman descreveu a taxação como algo “demoníaco e megalomaníaco“. Ele acredita que essa é uma manobra evidente para influenciar os temas internos do Brasil, visando defender o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pouco antes, Trump expressou suas opiniões através de um comunicado nas redes sociais, direcionado diretamente a Lula. Nesse documento, ele alega que o Brasil está perseguindo Bolsonaro e qualifica o processo contra o ex-presidente como uma “vergonha mundial“.
Krugman respondeu com firmeza a essa atitude: “Se os EUA ainda fossem genuinamente uma democracia, essa manobra em defesa do Brasil [ao mencionar a defesa de Bolsonaro] seria razão suficiente para iniciar um processo de impeachment contra Trump.”
O economista ressaltou que a tarifa dificilmente surtirá efeito prático sobre o Brasil. “Exportações brasileiras para os EUA representam menos de 2% do PIB do país. Será que Trump realmente acredita que pode intimidar uma nação com mais de 200 milhões de habitantes, cuja economia não depende dos Estados Unidos?”, questionou.
Na análise, Krugman relembrou o papel histórico dos EUA na promoção do livre comércio como ferramenta de estabilidade e fortalecimento democrático no pós-guerra, ressaltando que a política tarifária sempre teve implicações geopolíticas. No entanto, ele acredita que Trump distorce esse instrumento para fins pessoais e políticos.
“Trump está tentando usar tarifas para ajudar outro aspirante a ditador”, escreveu, em referência a Bolsonaro. “Se alguém ainda acredita que os EUA estão do lado dos mocinhos, esse episódio deixa claro de que lado estamos hoje.”
Em uma declaração formal após o pronunciamento de Trump, o presidente Lula expressou forte discordância com qualquer insinuação de influência no sistema judiciário do Brasil. O comunicado, divulgado pelo Palácio do Planalto, enfatiza a proteção da autonomia do país e declara que a administração responderá utilizando a Lei de Retaliação Comercial.
“O Brasil é um país soberano, com instituições sólidas e independentes, e não aceitará ser tutelado por ninguém”, diz o comunicado, publicado nas redes sociais do presidente.
Por: Aline Feitosa | Revisão: Thaisi Carvalho
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