Parceiria
Edit Template

Prêmio PIPA 2025 consagra artistas que ampliam os contornos da arte brasileira

Premiação destaca pluralidade de linguagens e reafirma a força da arte contemporânea como campo de experimentação e transformação cultural

O Prêmio PIPA, reconhecido como uma das mais relevantes plataformas de valorização da arte contemporânea no Brasil, revelou os quatro artistas vencedores de sua 16ª edição: Andréa Hygino, Darks Miranda, Flávia Ventura e a dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Selecionados entre 73 nomes indicados por um comitê de especialistas, os premiados são representantes de uma produção artística que vem, de forma intensa e inventiva, redefinindo os espaços e discursos das artes visuais no país.

A escolha reforça o que críticos e curadores vêm observando nos últimos anos: uma descentralização das estéticas e dos repertórios tradicionalmente legitimados pelas instituições. A arte brasileira vive um momento de expansão simbólica, no qual diferentes histórias, linguagens, corpos e territórios passam a ocupar posições de visibilidade e protagonismo.

Para Luiz Camillo Osorio, curador do Instituto PIPA, a premiação deste ano é reflexo dessa transformação em curso. “A multiplicação de artistas oriundos de ambientes culturais heterogêneos transforma de dentro o que seria central e periférico”, afirma. Segundo ele, os premiados não apenas propõem novas formas de pensar a arte, mas também redesenham o próprio sistema que a sustenta, atuando em interseções potentes entre memória, política, experimentação e linguagem.

Vencedores que rompem fronteiras

Um dos destaques desta edição é a escolha da dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora, artistas que vêm promovendo uma radical intersecção entre o Carnaval carioca e as artes visuais contemporâneas. Com ampla atuação como carnavalescos da série Ouro do Rio de Janeiro, Haddad e Bora extrapolam a avenida e conduzem essa estética exuberante para o campo das instalações, criando ambientes imersivos, vibrantes e sensoriais. Seu trabalho propõe uma reflexão sobre o popular como linguagem legítima e potente, rompendo com a hierarquia entre alta e baixa cultura.

Já Andréa Hygino, por meio de esculturas que evocam o universo escolar, tenciona símbolos da educação formal, subvertendo suas formas e funções. Usando materiais simples, réguas, lousas, carteiras, ela constrói objetos críticos e bem-humorados que abordam as estruturas de poder e controle nos espaços de aprendizagem. Sua obra convoca o espectador a pensar sobre as camadas simbólicas da pedagogia, da disciplina e da memória afetiva escolar.

Darks Miranda, por sua vez, trabalha com fabulações tropicais que misturam o grotesco, o orgânico e o tecnológico. Em sua produção, o corpo aparece muitas vezes em metamorfose, exposto, mutante, dialogando com imaginários ancestrais e especulativos. Suas obras performáticas e viscerais criam narrativas visuais que deslocam as referências coloniais, abrindo espaço para outras mitologias possíveis.

Na pintura, a artista Flávia Ventura traz uma pesquisa densa, que valoriza a materialidade da tinta, as texturas e a organicidade da forma. Suas telas não apenas retratam, mas parecem pulsar, respirar, transbordar. A cor é matéria viva, e a composição é construída em camadas que sugerem tanto interioridade quanto paisagem. A obra de Flávia revela a permanência da pintura como linguagem viva e em constante reinvenção.

Exposição no Paço Imperial

Os trabalhos dos quatro artistas serão apresentados ao público em uma exposição no Paço Imperial, no centro do Rio de Janeiro, entre os dias 6 de setembro e 16 de novembro de 2025. A mostra ocorrerá em paralelo à exposição da coleção do Instituto PIPA, e será uma oportunidade para o público experimentar as propostas dos vencedores em um mesmo espaço, com curadoria voltada para os cruzamentos e contrastes entre as obras.

A escolha do Paço como local da mostra carrega também um peso simbólico: o edifício histórico, que já foi sede do governo colonial e imperial, agora se torna palco de práticas artísticas que muitas vezes confrontam ou reelaboram os legados da história oficial.

Um prêmio em transformação

Criado em 2010, o Prêmio PIPA tem se consolidado como uma referência no mapeamento e valorização da produção artística contemporânea brasileira. Ao longo de suas edições, o prêmio evoluiu, se adaptando às mudanças no cenário cultural e às demandas por representatividade, descentralização e escuta.

Nos últimos anos, a premiação abandonou o modelo competitivo que hierarquizava os vencedores com diferentes valores financeiros, optando por uma repartição igualitária entre os premiados. Mais que uma disputa, o Prêmio PIPA passou a se assumir como uma plataforma de reconhecimento, visibilidade e circulação para artistas que estão expandindo os limites da arte brasileira.

A seleção dos artistas é feita por meio de indicações de curadores, críticos, colecionadores e profissionais do campo das artes, garantindo uma diversidade de olhares e experiências. A cada edição, o Instituto PIPA reforça o compromisso de promover um recorte plural, múltiplo e representativo do que pulsa no país.

Arte como campo de deslocamento

A edição de 2025 reafirma o compromisso do prêmio com artistas que desestabilizam categorias fixas, como centro/periferia, erudito/popular, arte/educação, corpo/máquina. Ao eleger Andréa, Darks, Flávia, Gabriel e Leonardo, o PIPA lança luz sobre práticas artísticas que recusam o conforto do previsível e propõem modos outros de existir, pensar e criar.

Mais do que um reconhecimento individual, o prêmio se configura como um gesto político e poético: ao dar visibilidade a trajetórias que se desenham em territórios múltiplos, o PIPA contribui para um campo artístico mais aberto, inclusivo e conectado com as urgências de seu tempo.

Como afirma Camillo Osorio, “a arte brasileira contemporânea não cabe mais em um único modelo de linguagem, estética ou trajetória. Ela se faz na pluralidade, no excesso, na fricção”. E é exatamente essa pluralidade que a edição de 2025 celebra como potência criativa, resistência simbólica e gesto coletivo.

Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil

VEJA TAMBÉM: Conheça Maria Angela de Jesus, primeira mulher presidente da TV Cultura

Compartilhe o Artigo:

Últimas notícias

Marcia Dantas

O MD News é um portal de notícias que capacita jovens profissionais com formação alinhada ao mercado.
Comprometido no combate às fake news, oferece treinamentos em IA, sustentabilidade e jornalismo.
Abrange áreas como arte, tecnologia, esporte, saúde e política. Proporciona espaço para profissionais atuarem como colunistas e comunicadores. Também promove oportunidades em reportagens e na gestão de redes sociais.

Siga o nosso instragram

Post Recentes

  • All Post
  • Cinema, arte e cultura
  • Clima
  • Economia
  • Esporte
  • Famosos
  • Internacional
  • Itapevi
  • Justiça
  • Marketing
  • Meio ambiente e sustentabilidade
  • Moda
  • Música
  • Noticias
  • Polícia
  • Política
  • Reality Shows
  • Redes sociais
  • Relacionamentos
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Tv
  • Vida e Estilo

Tags

Edit Template

Podcast

Notícias

Sobre

Nossa equipe de jornalistas dedicados trabalha incansavelmente para trazer a você as últimas novidades, entrevistas exclusivas e reportagens investigativas, garantindo que você esteja sempre bem informado sobre o que acontece no mundo. 

Tags

Ultimos post

  • All Post
  • Cinema, arte e cultura
  • Clima
  • Economia
  • Esporte
  • Famosos
  • Internacional
  • Itapevi
  • Justiça
  • Marketing
  • Meio ambiente e sustentabilidade
  • Moda
  • Música
  • Noticias
  • Polícia
  • Política
  • Reality Shows
  • Redes sociais
  • Relacionamentos
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Tv
  • Vida e Estilo