O Ministério da Saúde anunciou que, a partir do segundo semestre de 2025, o SUS distribuirá gratuitamente o Implanon, método contraceptivo de longa duração eficaz contra gestações não planejadas.
Além da inclusão desse método, o SUS está investindo no fortalecimento da rede de atenção especializada à endometriose. Desde 2023, foram realizados webinários com foco na atenção primária, incentivando o diagnóstico clínico precoce e reduzindo a dependência de exames complexos.
Com isso, o SUS também oferecerá a incorporação do DIU hormonal com levonorgestrel (DIU‑LNG) e do anticoncepcional oral desogestrel no tratamento da endometriose. A inclusão foi oficializada pelas Portarias SECTICS/MS nº 41 (27 de maio de 2025) e nº 43 (30 de maio de 2025), após recomendação positiva da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
Sobre a endometriose
A endometriose é uma condição inflamatória persistente caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio, normalmente encontrado no interior do útero e em outras regiões do corpo, como ovários, intestino, bexiga e cavidade abdominal.
Esse crescimento fora do local habitual pode provocar uma série de sintomas que comprometem significativamente a qualidade de vida das pacientes, incluindo cólicas menstruais intensas, dor pélvica contínua, desconforto durante as relações sexuais, alterações intestinais ou urinárias e, em muitos casos, dificuldade para engravidar.
A endometriose atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil, o que representa aproximadamente uma em cada dez mulheres sofrendo da doença; muitas delas sem diagnóstico efetivo até descobrirem os sintomas mais graves. Segundo o Ministério da Saúde, o tempo médio para confirmação clínica do diagnóstico é de 7 anos, o que atrasa intervenções eficazes.
Evidências clínicas e impacto orçamentário do DIU‑LNG
A análise da Conitec, baseada em estudo randomizado com 30 pacientes, mostrou que o DIU‑LNG teve eficácia equivalente ao DMPA na redução da dor, com menor perda de densidade óssea e maior adesão clínica.
A avaliação de custo‑utilidade estimou uma economia de R$ 212,45 por paciente ao longo de cinco anos, com aumento de 0,889 em AVAQ, ou seja, seria o equivalente a cinco anos vividos com saúde plena. A modelagem chegou a prever impacto orçamentário de R$ 136 milhões a R$ 272 milhões, caso o dispositivo atinja entre 50% e 90% de cobertura entre as pacientes elegíveis . Além disso, o DIU‑LNG pode ser implementado com a estrutura já existente dos DIUs de cobre, sem necessidade de grandes adaptações.
Sobre o método Implanon
O Implanon é um bastão flexível de cerca de 4 cm que libera o hormônio etonogestrel por até três anos, impedindo a ovulação e alterando o muco cervical. Sua eficácia é superior a 99%.
Atualmente, o Implanon custa entre R$2.000 e R$4.000 na rede privada e com sua implementação gratuita, o SUS vai ampliar o acesso aos métodos hormonais de longa duração: planeja distribuir 500 mil implantes subdérmicos de etonogestrel (Implanon) até o final de 2025, chegando a 1,8 milhão de unidades até o fim de 2026 , com um investimento de cerca de R$ 245 milhões. Atualmente, o Implanon custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil na rede privada.
Avanços no Sistema Único de Saúde
As recentes iniciativas do Ministério da Saúde, como a distribuição gratuita do Implanon, a incorporação do DIU-LNG e do anticoncepcional oral desogestrel no tratamento da endometriose, representam avanços significativos na saúde reprodutiva das mulheres no Brasil.
Essas ações ampliam o acesso a métodos contraceptivos modernos e eficazes, fortalecendo a rede de atenção à saúde da mulher e promovendo diagnósticos precoces e tratamentos adequados. O SUS também está investindo na capacitação de profissionais de saúde, com a oferta de cursos de aprimoramento e especialização, visando qualificar o atendimento às mulheres em todo o país.
Ao propor se alinhar aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o SUS demonstra seu compromisso com a promoção da saúde e a redução das desigualdades, garantindo que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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