O anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto provocou fortes reações internacionais e acendeu um alerta no governo brasileiro e no mercado financeiro. A medida, divulgada por Trump em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada na rede Truth Social, foi duramente criticada pela China, que acusou os EUA de “coerção” e violação das normas internacionais.
A crítica mais contundente veio do Ministério das Relações Exteriores da China. Questionada sobre a nova taxação contra o Brasil, a porta-voz Mao Ning destacou que a imposição de tarifas como ferramenta de pressão fere princípios básicos da Carta das Nações Unidas.
“Igualdade soberana e não interferência em assuntos internos são princípios fundamentais da Carta da ONU e normas básicas das relações internacionais. Tarifas não devem ser usadas como instrumento de coerção, intimidação ou interferência nos assuntos internos de outros países”, declarou Mao.
Trump atribui tarifas à postura do STF
Na carta enviada ao presidente Lula, Trump justificou a nova tarifa alegando uma relação comercial “injusta” com o Brasil. O republicano ainda associou a decisão à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indicando que a medida tem motivações políticas.
“Eles [os brasileiros] não têm sido bons conosco. A forma como tratam Bolsonaro é inaceitável”, escreveu Trump em sua rede.
Governo brasileiro ameaça retaliação
A resposta brasileira veio rapidamente. Na quinta-feira (10), o presidente Lula afirmou que, caso as taxações não sejam revertidas até 1º de agosto, o país aplicará a Lei da Reciprocidade, o que pode incluir medidas similares contra produtos norte-americanos.
“Não queremos guerra comercial, mas também não aceitaremos injustiças. Se não houver solução, vamos agir com firmeza”, afirmou o presidente brasileiro
Setores como o agronegócio, a indústria de transformação e a siderurgia seriam os mais afetados com a perda de competitividade no mercado americano se as taxações forem colocadas em prática.
Diplomacia tenta evitar escalada
Nos bastidores, o Itamaraty tenta conter a crise e preservar os canais diplomáticos abertos com os Estados Unidos. “Ainda acreditamos no diálogo”, declarou um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores, em condição de anonimato.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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