Com a chegada do mês de junho, o Brasil se mobiliza em torno de uma das campanhas mais importantes para a saúde pública: o Junho Vermelho, que busca incentivar e conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue. A campanha ganha força com a proximidade do Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem ao nascimento do imunologista Karl Landsteiner, responsável pela descoberta dos tipos sanguíneos.
As doações voluntárias são essenciais para pacientes em tratamentos crônicos e emergências médicas. O sangue também é vital em cirurgias, nos cuidados maternos e neonatais, além de ser indispensável em situações de desastres ou conflitos armados. Em períodos do ano com maior circulação de pessoas, como férias escolares e festividades, o risco de acidentes aumenta, tornando ainda mais crucial manter os estoques de sangue em níveis seguros para atender à demanda.
Por que doar?
De acordo com o Ministério da Saúde, cada doação pode beneficiar até quatro pessoas, já que o sangue coletado é separado em diferentes componentes: hemácias, plaquetas e plasma. Esses componentes são utilizados de acordo com a necessidade dos pacientes internados nos hospitais da rede pública e privada.
O presidente da Fundação Hemocentro de Brasília, Osnei Okumoto, explica sobre a importância da doação: “Nosso desafio é permanente: manter os estoques abastecidos e sensibilizar a sociedade para a importância de doar sangue regularmente. Junho é uma oportunidade simbólica e estratégica para reforçar essa mensagem”, destaca
Doações pelo SUS garantem sangue para toda a rede de saúde, pública e privada
As doações de sangue no Brasil são realizadas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que é responsável por coletar, testar, processar e distribuir os hemocomponentes de forma totalmente gratuita. Essa estrutura pública e universal é fundamental para garantir que o sangue chegue a quem mais precisa, independentemente de classe social ou do tipo de hospital em que o paciente está internado. Inclusive, muitos hospitais privados recorrem aos estoques mantidos pelo SUS, o que reforça ainda mais a importância de manter o sistema abastecido. O SUS, com sua abrangência nacional, é um dos pilares da política de doação de sangue no país, garantindo segurança para quem doa e para quem recebe.
Números que preocupam
Segundo a OMS, 42% do sangue doado no mundo está concentrado em países ricos, que representam apenas 16% da população global. Já nos países de baixa e média renda, como o Brasil, o desafio é manter os estoques em níveis ideais. Isso acontece, principalmente, devido ao baixo número de doações regulares e à dificuldade de acesso a equipamentos para testagem segura do sangue.
Quem pode doar?
Para ser um doador de sangue, é necessário atender a alguns critérios básicos:
- Estar em boas condições de saúde;
- Ter entre 16 e 69 anos (com autorização para menores de idade);
- Pesar mais de 50 kg;
- Estar alimentado (mas evitar alimentos gordurosos);
- Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
- Apresentar documento oficial com foto.
Algumas restrições temporárias também se aplicam a pessoas que fizeram tatuagens recentemente, passaram por cirurgias ou procedimentos invasivos, ou tiveram doenças infecciosas nos últimos dias. A lista completa de requisitos pode ser consultada nos hemocentros ou no site do Ministério da Saúde.
Onde doar?
Durante o mês de junho, hemocentros de todo o país intensificam suas campanhas de coleta. Diversos postos ampliam o horário de atendimento e realizam ações itinerantes em universidades, empresas e centros comerciais. A população também pode encontrar informações atualizadas por meio das secretarias estaduais de saúde de cada estado e prefeitura ou ainda nas redes sociais das unidades de coleta.
Origem da campanha
O Junho Vermelho foi criado em 2015 pelo movimento “Eu Dou Sangue”, organização que surgiu em 2011 com o objetivo de aumentar o número de doações no país. A escolha do mês se deu pela coincidência com o Dia Mundial do Doador e também pelo início do inverno, quando os estoques nos bancos de sangue tendem a cair drasticamente.
Desde então, a campanha passou a mobilizar governos federal, estaduais e municipais, além de ONGs e instituições de saúde em uma grande rede de incentivo à doação, com ações de comunicação, palestras, eventos e divulgação de locais de coleta.
Por: Laís Queiroz I Revisão: Sara Santos
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