A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, confirmou em entrevista à CNN Brasil que deve se mudar para a Itália nos próximos dias. A informação, já divulgada publicamente, ganhou repercussão com a reação do deputado italiano Angelo Bonelli, que cobrou a extradição da parlamentar brasileira.
“Parece que Carla Zambelli está a caminho da Itália para fugir da justiça do Brasil. Isso é inaceitável. A Itália não pode ser um país onde políticos acusados de crimes se escondem. É uma vergonha para o nosso país”, afirmou Bonelli em vídeo divulgado recentemente.
Em suas declarações, Zambelli afirmou: “Sou intocável na Itália”, mostrando confiança na segurança que o país europeu pode oferecer. Ela também declarou que pretende continuar sua atuação política a partir da Itália.
Bonelli, líder do Movimento Europa Verde, lembrou que Zambelli é acusada de liderar um grupo armado em apoio a Bolsonaro e contra a democracia. Ele destacou que o pedido de extradição é urgente para impedir que a Itália vire refúgio para políticos brasileiros foragidos da justiça.
O deputado pediu formalmente ao Ministério da Justiça da Itália que analise o pedido de extradição. Segundo ele, é fundamental que o país europeu não vire um “paraíso para criminosos” que tentam escapar da lei em seus países.
Zambelli responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por perseguir, com arma em punho, um apoiador do ex-presidente Lula antes do segundo turno das eleições de 2022. O episódio, em São Paulo, foi registrado em vídeo e gerou processo por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma.
Especialistas em direito internacional, como o advogado Alessandro Ferrari e o professor de direito penal Giuseppe Lombardi, afirmam que, embora a cidadania italiana possa dificultar o processo, ela não impede uma eventual extradição. A Itália mantém tratados de cooperação com o Brasil que permitem a análise e possível aprovação da extradição, especialmente em casos ligados a crimes graves.
No entanto, o processo pode ser demorado, levando anos para ser concluído, devido às etapas burocráticas e à necessidade de avaliação judicial detalhada, além da análise das garantias oferecidas pelo país requerente.
Por David Gonçalves – Correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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