A equipe técnica do Ministério da Fazenda finalizou o plano de contingência para responder ao aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A proposta já está pronta e deve ser apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias, segundo o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan.
O plano prevê medidas emergenciais, como linhas de crédito específicas e apoio a empresas exportadoras, com foco nos setores mais afetados, entre eles o agronegócio, alimentos e tecnologia. A estratégia foi desenhada para gerar o menor impacto fiscal possível e será aplicada de forma pontual, segundo o próprio Durigan.
A tarifa imposta pelos EUA, que pode chegar a 50% para alguns produtos, entra em vigor no dia 1º de agosto. O governo brasileiro prioriza o caminho diplomático e já enviou uma segunda carta à administração norte-americana. Também mantém diálogo ativo com autoridades dos Estados Unidos e articulação em fóruns internacionais, como o G20.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, vem liderando reuniões com representantes da indústria, exportadores e empresas de tecnologia. O objetivo é ouvir o setor produtivo e coletar sugestões para reforçar a defesa dos interesses brasileiros.
Apesar das declarações iniciais do presidente Lula sobre possíveis medidas contra big techs americanas, o Ministério da Fazenda esclareceu que nenhuma ação relacionada a essas empresas está no escopo imediato do plano. Segundo Durigan, a tributação de multinacionais do setor tecnológico é um debate internacional mais amplo e não faz parte da resposta à tarifa dos EUA.
Em declarações à imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o governo brasileiro não pretende adotar retaliações neste momento. Ele afirmou que o Brasil seguirá na mesa de negociação e que qualquer eventual reação mais dura dependerá dos desdobramentos diplomáticos.
Enquanto aguarda a análise de Lula, o mercado financeiro já reage às incertezas provocadas pela tensão comercial. O dólar teve leve alta e fechou cotado a R$ 5,58 nesta semana, refletindo a cautela de investidores com os impactos da medida americana sobre exportações brasileiras.
Com foco na responsabilidade fiscal e na via diplomática, o governo aposta em firmeza técnica para proteger setores estratégicos sem agravar a tensão comercial com os Estados Unidos.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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