A humanidade ultrapassou em 24 de julho de 2025 o limite de recursos naturais que o planeta é capaz de regenerar ao longo de um ano. A data, conhecida como Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), representa o momento em que a demanda humana por água, alimentos, madeira, carbono e solo fértil excede a capacidade da Terra de se regenerar.
Neste ano, o marco chegou uma semana antes do registrado em 2024, segundo a Global Footprint Network, organização responsável pelo cálculo oficial da pegada ecológica global. A antecipação confirma o agravamento da pressão sobre os recursos naturais e indica que a humanidade está consumindo o equivalente a 1,8 planetas Terra, ou seja, usamos 80% a mais do que o planeta pode renovar.
Os efeitos dessa sobrecarga já são perceptíveis em diferentes regiões do mundo: aumento da temperatura média global, escassez hídrica, perda de biodiversidade, erosão de solos, colapso de ecossistemas e insegurança alimentar. Estima-se que mais de 3 bilhões de pessoas já vivam em áreas com alto estresse ecológico.
Além do marco global, cada país tem sua própria data de esgotamento dos recursos naturais. Em 2025, várias nações atingiram esse limite ainda no primeiro semestre. Entre os países que já esgotaram seu orçamento ambiental, estão:
- Qatar – 11 de fevereiro
- Luxemburgo – 20 de fevereiro
- Estados Unidos – 13 de março
- Canadá – 18 de março
- Emirados Árabes – 22 de março
- Austrália – 25 de março
- Rússia – 31 de março
- Japão – 8 de maio
- Portugal – 8 de maio
- Alemanha – 15 de maio
- França – 26 de maio
O Brasil, por sua vez, está previsto para atingir seu limite em 1º de agosto, conforme estimativas do relatório “Country Overshoot Days 2025”, divulgado pela Global Footprint Network e confirmado pela Geneva Environment Network.
A disparidade entre países reflete não apenas diferenças no consumo, mas também na biocapacidade de cada território, ou seja, o quanto um país é capaz de regenerar seus próprios recursos naturais.
Apesar do cenário alarmante, especialistas afirmam que é possível adiar o Dia da Sobrecarga com ações coordenadas e políticas públicas robustas. Reduzir as emissões globais de CO₂ provenientes da queima de combustíveis fósseis em 50%, por exemplo, empurraria a data em até 93 dias. Medidas como cidades mais sustentáveis, mudanças nos sistemas alimentares, uso eficiente da energia e proteção da biodiversidade também são apontadas como caminhos viáveis.
A persistência da sobrecarga ecológica, no entanto, representa um risco crescente. Mesmo com a data global se mantendo em torno de julho nos últimos anos, os efeitos acumulados do uso excessivo dos recursos naturais tornam o planeta menos resiliente e mais vulnerável a colapsos ambientais, climáticos e sociais.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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