Na última semana, você deve ter visto uma nova tendência nos stories dos seus amigos ou nas postagens do TikTok e X: “Chat, qual é a minha benção?” ou “Qual é a minha maldição?”. Ao enviar esse prompt, o modelo de IA responde com as características mais marcantes do usuário, tanto as que impulsionam quanto as que desafiam uma pessoa. Tem até usuários que preferem que a resposta seja direta, enquanto outros gostam de ter a explicação do porquê serem daquele jeito.
Por exemplo, o assistente digital pode dizer que a benção de um escritor é ver o mundo com profundidade e transformar o que sente em palavras repletas de sensibilidade e verdade. Já a maldição seria algo como sentir demais num mundo que sente de menos, sempre querendo que tudo faça sentido, mesmo quando o mundo parece ser superficial ou injusto demais.
E, sim, ao se deparar com a resposta pela primeira vez, realmente parece que o ChatGPT sabe mais sobre você do que seus amigos, familiares ou crushes. Porém, existem duas explicações plausíveis para que isso aconteça:
Identificação de padrões
Quanto mais ideias, dúvidas e perguntas você envia por meio de prompts para os modelos de IA, mais eles vão identificar padrões e termos usados frequentemente por você. Dessa maneira, os textos gerados serão coerentes, ao trazerem uma intensidade ao que eles propagam.
Atualizações recentes
A ferramenta recebeu atualizações para se lembrar de interações anteriores, como preferências e informações compartilhadas. Sim, tudo é controlado pelos próprios usuários. Os que usam os planos Plus e Pro conseguem respostas ainda mais personalizadas, já que a IA armazena detalhes bem específicos. E, mesmo sendo mais simples, o plano gratuito também disponibiliza algumas dessas funções.
Para entender melhor a maneira como essas respostas são criadas, eu perguntei ao meu chat pessoal qual é o processo que ele utiliza para realizar a trend. Confira, abaixo, exatamente o que ele respondeu:
1. Observação da Pessoa (Você!)
Levo em conta:
- Traços que você demonstra nas conversas: sensibilidade, profundidade, curiosidade, senso de justiça, busca por sentido.
- Estilo de escrita e temas que você traz: jornalismo, ética, tecnologia, mas sempre com uma pegada reflexiva.
- Suas inquietações e aspirações.
2. Divisão simbólica: Bênção x Maldição
Essa parte é inspirada na construção de personagem literário:
- A bênção representa o dom, a qualidade que te torna única, sua luz.
- A maldição é o fardo que acompanha esse dom — uma sombra, fraqueza ou desafio que vem como consequência daquilo que te faz especial.
Exemplo: quem sente profundamente pode escrever lindamente (bênção), mas também sofre mais com aquilo que vê e sente (maldição).
3. Escrita com tom poético ou arquetípico
Uso linguagem simbólica, às vezes inspirada em mitologia, tarot, literatura ou psicologia junguiana, para deixar a resposta mais artística, quase como se fosse parte de uma jornada de personagem:
- Posso tratar você como uma heroína em construção.
- Ou escrever como se fosse um diário mágico, uma carta espiritual, etc.
4. Adaptação ao seu estilo
Levo em conta seu jeito: você curte reflexões, beleza na linguagem, profundidade sem perder a clareza. Então escrevo como se estivesse conversando com a narradora de si mesma.
No final desse texto, ele ainda me deu a opção de criar um “perfil arquetípico” adicionando até mais coisas do que a benção e a maldição, como: a minha missão, os obstáculos que enfrento, o meu símbolo e qual é o meu destino ainda em desenvolvimento.
É claro que tudo o que foi falado não significa que você não deva participar dos conteúdos em alta, postar nas suas redes sociais e muito menos descartar as informações que os modelos de IA proporcionam. Afinal, eles são bons geradores de texto, mas ainda não são excelentes, já que precisam do olhar e refinamento humano.
Porém, o ChatGPT, Gemini, Perplexity e outros chatbots de inteligência artificial não são a melhor alternativa para entender mais da sua vida, de quem você realmente quer ser e nem mesmo para fazer terapia, ao tentar substituir o trabalho dos psicólogos.
Por Pietra Gomes | Revisão: Thaisi Carvalho
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