Com a data de lançamento da segunda parte de Lost Records: Bloom & Rage se aproximando, a expectativa em torno do desfecho da história de Swann, Autumn, Kat e Nora só cresce. O jogo, ambientado na misteriosa Velvet Cove, Michigan, entre os anos de 1995 e 2022, mergulha os jogadores em uma trama envolvente, misturando nostalgia, amizade e um mistério que atravessa décadas. A estética dos anos 90 domina a experiência, mas há momentos em que a ambientação flerta com a atmosfera oitentista — algo que inevitavelmente remete ao impacto cultural de Stranger Things.
Mas o que realmente torna Lost Records: Bloom & Rage especial é a forma como resgata a essência narrativa que fez do primeiro Life is Strange um marco. A Dontnod, estúdio por trás do jogo, foi a equipe responsável por nos apresentar Life is Strange lá em 2015. Agora, com um novo projeto em mãos, eles provam que ainda dominam como poucos a arte de criar histórias emocionantes e personagens memoráveis.
E é justamente aí que entra a comparação inevitável com Life is Strange: Double Exposure. Apesar de ser um título visualmente impressionante, com gráficos aprimorados e expressões faciais incrivelmente realistas mas sem fugir do cartoon, Double Exposure parece ter perdido um elemento essencial: a conexão emocional que fez os jogadores se apaixonarem pela franquia. A experiência ainda tem seus méritos, mas a narrativa não atinge o mesmo impacto que tivemos no passado.
Lost Records, por outro lado, consegue transmitir emoção de forma magistral. A trilha sonora cuidadosamente escolhida, a ambientação riquíssima e os cenários que parecem sair diretamente da memória de qualquer um que viveu os anos 90 criam uma imersão absurda. O jogo brinca com a dualidade entre um verão inesquecível, registrado através da lente de uma câmera, e os segredos enterrados que ressurgem 27 anos depois. A forma como o passado e o presente se entrelaçam é conduzida com maestria, mantendo os jogadores presos do começo ao fim.
Enquanto Double Exposure ainda pode ter uma chance de se redimir com sua continuação — que segue sem data de lançamento —, o impacto de Lost Records: Bloom & Rage já pode ser sentido. O jogo se firma como uma obra de arte interativa, uma experiência que qualquer fã de narrativas bem construídas deveria vivenciar. É o tipo de jogo que prova que os detalhes fazem toda a diferença, e que quando um estúdio entende verdadeiramente o que torna uma história inesquecível, o resultado fala por si só.
Autoria: André Silveira Guéli (@dregueli) | Redação