Na madrugada do último domingo (13), agentes da Polícia Federal interceptaram uma carga de Mounjaro que estava sendo transportada de forma ilegal no Aeroporto do Recife. O medicamento, desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2, tem sido cada vez mais utilizado para emagrecimento, muitas vezes sem o acompanhamento médico adequado.
A substância, adquirida fora do ambiente médico controlado, é consumida por muitas pessoas sem receita, o que pode ocasionar sérios riscos à saúde, como desidratação severa, hipoglicemia e efeitos colaterais adversos como vômitos, diarreia e perda muscular. A compra de Mounjaro fora da farmácia e sem prescrição médica levanta ainda questões legais e sanitárias, uma vez que os produtos falsificados e mal armazenados circulam livremente pela internet.
Riscos do uso irregular de Mounjaro
O endocrinologista Francisco Benetti, que acompanha casos de pacientes que utilizam Mounjaro para emagrecimento, alerta para o aumento do uso indiscriminado do medicamento, especialmente entre aqueles que buscam emagrecer rapidamente. “A facilidade de acesso pelas redes sociais é outro fator preocupante”, afirma ele. “Sem passar por farmácias ou prescrição, muitos usuários compram o medicamento por valores elevados, movidos pela promessa de um corpo magro em pouco tempo.”
A advogada Giselle Dantas, de 34 anos, conta sua experiência com o medicamento, mas destaca a importância do acompanhamento médico durante o processo: “Vi muitos vídeos e resolvi tentar. Nos primeiros dias senti enjoo, mas logo percebi que minha fome havia diminuído. Comecei a desinchar, e os resultados vieram rápido”, diz ela, ressaltando que o acompanhamento médico foi essencial para garantir o uso seguro do remédio.
Apesar de seus riscos, o Mounjaro tem sido utilizado em alguns protocolos médicos para auxiliar no tratamento da obesidade, mas sempre com critérios rigorosos. “É uma ferramenta, não uma solução mágica”, reforça o Dr. Benetti. “Quando indicada corretamente, pode trazer benefícios, mas o uso desenfreado e sem orientação médica pode banalizar sua real função e causar complicações sérias à saúde.”
Além dos riscos à saúde, a compra ilegal de Mounjaro levanta questões jurídicas e sanitárias. Produtos falsificados e mal armazenados circulam livremente entre grupos de compra online, sem qualquer fiscalização, o que pode resultar em prejuízos ainda maiores para os consumidores.
O perigo da compra ilegal
A compra ilegal desse medicamento também trás outros riscos, como não saber a procedência do que está tomando. “Isso é muito preocupante. Em primeiro lugar, não há garantia da procedência nem da conservação adequada do produto. Estamos falando de medicamentos injetáveis, que precisam de refrigeração e controle de qualidade. O uso desorientado pode levar a reações graves, inclusive hospitalizações, sem contar o risco de estar usando substâncias falsificadas. “, alerta o especialista.
O alerta das autoridades
Diante do aumento das apreensões e da crescente procura pelo medicamento, autoridades e médicos reforçam a necessidade de cautela. “Não existe fórmula mágica para emagrecer com saúde”, conclui o médico. “A saúde precisa estar acima da estética, e o que parece inofensivo nas redes sociais pode acabar custando muito caro.”
A Anvisa reforça que a aquisição e o uso de medicamentos devem seguir os trâmites legais, incluindo prescrição médica e compra em estabelecimentos autorizados.
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Por: Diellen Lisboa | Revisado por Sarah Falcão