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“Epidemia de autismo”: fala de secretário de saúde reacende debate sobre o aumento nos diagnósticos

Autoridades falam em “explosão” de casos e especialistas explicam que o aumento é reflexo de maior conscientização e avanços na detecção. Enquanto isso, novos estudos e tratamentos estão sendo explorados

Durante uma reunião de gabinete na Casa Branca no dia 10 de abril, Robert F. Kennedy Jr., Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos – HHS (Health and Human Services), classificou o crescimento dos diagnósticos de autismo como uma “epidemia”, estimulando o debate sobre o tema. 

Kennedy Jr. também anunciou que o HHS lançará uma pesquisa para investigar as causas do autismo, estipulando um prazo até setembro de 2025 para anunciar os resultados. A pesquisa terá como objetivo entender os fatores que podem explicar o aumento de diagnósticos, que atualmente apontam para 1 em cada 36 crianças diagnosticadas nos Estados Unidos (EUA).

​Em dezembro de 2024, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sinalizou em campanha que investiria em pesquisas para entender melhor o aumento dos casos de autismo no país. Em entrevista à revista Time, Trump afirmou:​ 

“Teremos uma grande discussão. A taxa de autismo está em um nível que ninguém jamais acreditou ser possível. Se você observar as coisas que estão acontecendo, há algo causando isso.”

(Donald Trump cumprimenta Robert F. Kennedy Jr. em um comício de campanha em 2024. Alex Brandon Reprodução)
Donald Trump cumprimenta Robert F. Kennedy Jr. em um comício de campanha em 2024 | Foto: Alex Brandon/Reprodução

Embora o número de diagnósticos tenha de fato aumentado significativamente, especialistas explicam que isso está mais relacionado a avanços na detecção de casos do que a uma explosão de novos casos em si.

O Ex-diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa de Biológicos do FDA, Dr. Peter Marks, criticou duramente as falas de Kennedy Jr. ressaltando que essa promessa é irrealista e pode trazer falsas esperanças às famílias de pessoas com TEA.

A Dra. Laurel Gabard-Durnam, diretora do Laboratório de Plasticidade do Neurodesenvolvimento da Northeastern University, afirma que o aumento de diagnósticos está ligado principalmente a melhorias na identificação e à ampliação dos critérios diagnósticos. “Mudamos os critérios para o que significa ter autismo. Desde então, reconhecemos que se trata de um espectro.” A médica atua em estudos de linguagem para identificar biomarcadores precoces e acelerar a detecção do autismo.

O que a ciência está investigando?

Paralelamente a essa discussão, várias linhas de pesquisa tentam compreender o TEA com mais profundidade, buscando ampliar o conhecimento sobre o autismo, a fim de detectar o transtorno precocemente e promover tratamentos eficazes.

Genética

Mutações genéticas específicas e hereditariedade continuam sendo estudadas como fatores de risco importantes. Alguns genes envolvidos na formação e desenvolvimento do sistema nervoso podem ter ligações com o desenvolvimento do TEA.

A psicóloga e neurocientista Mayra Gaiato afirma que o TEA é uma condição genética, sendo 80% de origem hereditária, mas que fatores ambientais também podem influenciar. Ela ainda explica que, em determinadas situações, mutações genéticas podem surgir espontaneamente no DNA da criança, contribuindo para o desenvolvimento do transtorno.

Fatores ambientais

Alguns estudos investigam fatores ambientais, como a idade avançada dos pais, infecções durante a gestação e a poluição.

Mayra Gaiato também destaca que, embora a predisposição genética seja decisiva para o autismo, algumas condições ambientais também podem ser um fator importante. Segundo ela, infecções durante a gestação, exposição a agentes tóxicos e complicações no parto podem aumentar a probabilidade de manifestação do transtorno, não se aplicando a todos os casos.

Eixo intestino-cérebro

A relação entre microbiota intestinal e comportamento vem ganhando força em estudos sobre o TEA, especialmente sobre o uso de probióticos e dietas específicas.

Em 2024, um estudo da Universidade Chinesa de Hong Kong apontou que o desequilíbrio na microbiota intestinal pode ser um novo marcador para o diagnóstico do TEA. Utilizando aprendizado de máquina, os pesquisadores criaram um modelo que identificou com 82% de precisão as crianças com TEA, apenas com base nas alterações microbiológicas. 

Apesar dos avanços nos estudos sobre o eixo intestino-cérebro no TEA, as pesquisas ainda estão em fase inicial, sendo observadas de perto por especialistas.

O aumento dos diagnósticos de TEA requer uma abordagem responsável, que concilie ciência e respeito à diversidade, especialmente nas áreas de saúde e políticas públicas. O risco está em abordagens sem comprovação científica que prometem soluções milagrosas.

Por: Daniela Ramirez

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Marcia Dantas

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