A confiança dos brasileiros nos partidos políticos segue em declínio. É o que revela um novo levantamento divulgado nesta quinta-feira (26) pelo instituto Paraná Pesquisas. De acordo com o estudo, 38,6% da população afirma não simpatizar com nenhuma legenda, índice que se mantém como o mais alto entre todas as opções avaliadas. A pesquisa buscou mapear a identificação dos eleitores com sete partidos específicos, além de medir o percentual de rejeição às siglas de forma geral.
Na prática, o resultado reforça um cenário de desalento político e descrença nas instituições partidárias, que já vinha sendo indicado por outras sondagens ao longo dos últimos anos. A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de junho com 2.020 pessoas, em todos os 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Ranking dos partidos
Entre os partidos citados, o PL (Partido Liberal), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, lidera em simpatia com 18,2% das menções. Na sequência, aparece o PT (Partido dos Trabalhadores), com 18,1%, praticamente empatado com o primeiro colocado. Apesar de representarem polos opostos no espectro político nacional, as duas siglas concentram boa parte do eleitorado que ainda declara alguma afinidade com legendas específicas.
O levantamento também mostrou a baixa adesão popular a outras agremiações tradicionais. O MDB, que já teve papel central em diversas coalizões de governo desde a redemocratização, aparece com apenas 5,6% das citações. O PSDB, outrora protagonista nas disputas presidenciais, soma 1,7%, enquanto o PSD, partido de centro fundado na última década, registra 1,0%.
Na lanterna da pesquisa, PSOL e União Brasil aparecem com 0,6% e 0,5%, respectivamente. Chama atenção também o fato de apenas 0,6% dos entrevistados afirmarem simpatizar com todos os partidos, uma minoria estatisticamente irrelevante dentro da amostragem. Outros 12,9% dos entrevistados não souberam ou preferiram não opinar.
A pesquisa reflete o distanciamento crescente entre a sociedade e o sistema partidário brasileiro, que, apesar de contar com mais de 30 siglas registradas oficialmente, sofre com baixíssimos índices de credibilidade. Casos de corrupção, alianças consideradas incoerentes e a percepção de que os partidos priorizam interesses próprios em detrimento do bem público são apontados por especialistas como fatores que contribuem para essa rejeição.
Analistas políticos avaliam que o alto percentual de pessoas que não se sentem representadas por nenhum partido é um alerta importante para o sistema democrático. A crise de representatividade pode influenciar diretamente no comparecimento às urnas, no crescimento de candidaturas avulsas e no fortalecimento de discursos antipolítica frequentemente associados a posturas autoritárias.
por Alemax Melo I Revisão: Lorrayne Rosseti
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