Vladimir Putin, o líder russo, comunicou neste sábado (19) uma pausa temporária de 30 horas nos combates na Ucrânia. Essa “trégua de Páscoa”, com início às 18h no horário local (12h em Brasília), tem previsão de se estender até a meia-noite de domingo (21), visando, conforme o Kremlin, possibilitar festividades religiosas em meio à guerra.
De acordo com Putin, a ação foi motivada por “razões humanitárias”. O líder do Kremlin declarou ter dado ordens ao comando das Forças Armadas para cessar todas as ações militares nesse período. Contudo, ele também fez um alerta para que as tropas se mantenham vigilantes contra possíveis “provocações” ucranianas, reprovando o que ele descreveu como um padrão de desrespeito por parte de Kiev.
“Acreditamos que a Ucrânia fará o mesmo que nós”, disse Putin. Ele também comentou que o governo de Kiev desrespeitou os pactos de não agressão à infraestrutura de energia mais de uma centena de vezes, e alertou suas forças para manterem-se totalmente alertas.
Mesmo com o anúncio, o governo ucraniano comunicou investidas russas logo que a trégua começou. O presidente Volodymyr Zelensky informou que, às 17h15 (hora local), drones russos foram vistos em solo ucraniano, apenas 45 minutos após o início oficial do cessar-fogo. A defesa aérea ucraniana teria reagido para parar os equipamentos.
“A presença de drones pairando sobre nós expõe a real postura de Putin em relação à celebração da Páscoa e ao valor da vida”, compartilhou Zelensky na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.
O chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, recordou que seu país havia concordado com uma sugestão dos Estados Unidos para uma trégua mais extensa, de um mês, em março, uma oferta que Moscou não aceitou. Ele afirmou que a Ucrânia mantém a sua receptividade à proposta, aguardando uma atitude concreta por parte da Rússia.
“Lamentavelmente, o histórico de promessas não cumpridas pela Rússia é vasto. Nossa avaliação se baseará em ações, e não em meras palavras”, enfatizou Sybiha.
Mesmo com as relações estremecidas, uma importante troca de prisioneiros aconteceu neste sábado entre as duas nações. A Rússia liberou 246 soldados ucranianos, e, em contrapartida, recebeu igual número de seus militares de volta. Adicionalmente, 31 prisioneiros de guerra ucranianos que estavam machucados retornaram para casa, em troca de 15 soldados russos com necessidade urgente de cuidados médicos.
“Nosso povo está de volta, uma ótima notícia”, comemorou Zelensky.
Enquanto isso, nos bastidores da diplomacia, os Estados Unidos demonstraram descontentamento com a lentidão das conversas. Na sexta-feira (18), o presidente Donald Trump e o secretário de Estado Marco Rubio comunicaram que Washington não tentará mais intermediar um acordo de paz se não houver indícios claros de evolução.
Desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala, em 24 de fevereiro de 2022, não se vê uma luz no fim do túnel para este conflito. Putin mantém a posição de que só dará fim à guerra se a Ucrânia abandonar oficialmente a ideia de se juntar à Otan e ordenar a retirada de suas tropas das quatro áreas ucranianas sob controle de Moscou, o que Kiev considera termos impossíveis de aceitar.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil