A madrugada desta sexta-feira (4) foi a mais devastadora para a Ucrânia desde o início da guerra em fevereiro de 2022. Segundo a Força Aérea ucraniana, a Rússia lançou um total de 11 mísseis e impressionantes 539 drones sobre o território ucraniano um novo recorde de ataques aéreos em uma única noite ao longo dos mais de três anos de conflito.
O ataque, que pegou a população de surpresa, ocorreu poucas horas depois de uma ligação entre o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A ofensiva acontece também em meio à suspensão temporária do envio de armas por parte dos EUA à Ucrânia, o que tem gerado forte preocupação internacional.
Kiev em chamas
A capital ucraniana, Kiev, foi novamente o principal alvo dos ataques russos. Seis dos dez distritos da metrópole foram atingidos, incluindo os dois lados do rio Dnipro. Os bombardeios deixaram ao menos 23 feridos, incendiaram edifícios, danificaram linhas ferroviárias e atingiram inclusive a embaixada da Polônia.
No distrito de Holosiivskyi, destroços de drones iranianos do tipo Shahed provocaram um incêndio de grandes proporções em uma instalação médica. O prefeito da capital, Vitali Klitschko, confirmou que o fogo foi controlado após horas de trabalho intenso das equipes de emergência.
Nas redes sociais, vídeos mostram moradores correndo desesperados em busca de abrigo enquanto explosões iluminavam o céu da cidade. Bombeiros atuaram madrugada adentro para conter focos de incêndio e socorrer vítimas, em cenas que lembram os momentos mais críticos dos primeiros meses da guerra.
Defesa sob pressão
Segundo as Forças Armadas ucranianas, dos 550 ataques aéreos detectados, 270 foram neutralizados, incluindo dois mísseis de cruzeiro. Outros 208 drones teriam sido desviados por interferência eletrônica.
Apesar disso, nove mísseis e 63 drones atingiram seus alvos diretamente, e destroços de interceptações caíram em 33 localidades diferentes. O porta-voz da Defesa ucraniana descreveu a operação russa como “um massacre coordenado com objetivos estratégicos e psicológicos”.
Ligação entre Trump e Putin levanta suspeitas
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reagiu duramente e classificou o ataque como “cínico e cruel”. Em pronunciamento, ele afirmou que a ofensiva começou “quase simultaneamente” ao telefonema entre Trump e Putin.
“Isso demonstra, mais uma vez, que sem pressão internacional em larga escala, a Rússia continuará seu comportamento estúpido e destrutivo”, declarou Zelenski.
Na ligação, conforme relatos oficiais, Putin teria reafirmado seu compromisso com os objetivos militares russos na Ucrânia, ignorando os apelos por cessar-fogo. Já Trump, ao ser questionado por jornalistas, limitou-se a dizer que não acredita que Putin vá parar a guerra.
“Estamos tentando ajudar a Ucrânia”, disse. “Mas Biden entregou tantas armas a eles que esvaziou nossos estoques. Temos que pensar também em nossa segurança interna.”
Críticas à suspensão de armas
A Ucrânia alertou nos últimos dias que a suspensão do envio de armas estratégicas pelos EUA poderá agravar a vulnerabilidade do país. Segundo o governo de Kiev, a decisão coloca em risco a capacidade de defesa aérea e o controle de territórios ameaçados por avanços russos no leste e no sul do país.
Trump e Zelenski devem voltar a conversar por telefone nesta sexta-feira. Nos bastidores diplomáticos, espera-se que a Ucrânia pressione pela retomada urgente da ajuda militar americana, considerada vital para a sobrevivência da resistência ucraniana.
Desde o início do conflito, milhares de civis já foram mortos, mesmo com as garantias formais de ambos os lados de que civis não são alvos diretos. O ataque desta madrugada aumenta ainda mais a tensão entre Moscou e o Ocidente e reforça o temor de uma escalada ainda maior no conflito.
A Europa acompanha com apreensão os desdobramentos, temendo um possível colapso humanitário em Kiev e uma nova onda de refugiados caso os ataques russos avancem sobre áreas densamente povoadas.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil
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