A grande preocupação é que atualmente quatro sorotipos de vírus estão circulando e um deles não era visto há 15 anos
O estado de São Paulo registrou 305 das 430 mortes decorrentes de dengue ocorridas no país nos três primeiros meses deste ano, o que representa 86% do total, muito em acima da média nacional. Além disso, no mesmo período, o estado contabilizou, junto com Minas Gerais e Paraná, 73% dos 848.729 casos da doença. A dengue é causada pela picada do mosquito aedes aegypti
O balanço foi anunciado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde. Uma das grandes preocupações é que, atualmente, circulam no país quatro sorotipos do vírus da dengue, com aumento expressivo de DENV-3, que representa 22,07% dos casos. Esse vírus não era visto no país há 15 anos.
Em São Paulo, o DENV3 responde por 72% dos registros. Outros 72,5% são do sorotipo 2.
Essa concentração de vírus significa que todo mundo precisa ficar atento aos focos do aedes porque a população esta mais suscetível a casos graves da doenças se for contaminada por mais de um vírus.
80 cidades prioritárias
Para reduzir casos graves e mortes, o Ministério da Saúde anunciou novas ações de enfrentamento da dengue, em apoio aos estados e municípios mais críticos. O foco inicial são 80 cidades prioritárias, 55 delas no estado paulista. Esses locais têm alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão e mais de 100 mil habitantes.
Como regiões populosas têm maior possibilidade de sobrecarga assistencial, a Força Nacional do SUS se prepara para atender a demanda com até 150 centros de hidratação de até 100 leitos cada, com investimento de R$ 300 milhões.
Esses espaços são destinados ao acolhimento e à hidratação – oral ou venosa – de pacientes com dengue, para evitar agravamentos e internações. Podem ser instalados em UBS ou UPA, em espaços adaptáveis como auditórios, bibliotecas, refeitórios ou em estruturas temporárias como tendas, contêineres e galpões.
Vacinação
As 80 cidades prioritárias também vão receber apoio para expandir a cobertura vacinal, com ações como busca ativa de não vacinados, monitoramento dos estoques e garantia do abastecimento. Além disso, 16 cidades passarão a fornecer a vacina da dengue pela primeira vez
São elas: Itaituba (PA), Botucatu (SP), Loanda (PR), Conchas (SP), Promissão (SP), Querência do Norte (PR), Mirandópolis (SP), Cruzeiro do Sul (AC), Curitiba (PR), Espírito Santo do Pinhal (SP), Monte Santo (BA), Rancharia (SP), Lins (SP), Redenção (PA), Santa Cruz de Monte Castelo (PR) e Novo Progresso (PA).
Além de São Paulo, 14 dos municípios prioritários são do Paraná e 11 dos estados da Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte, Acre e Pará.
Óbitos
Em 2025, até 29 de março, o Brasil registrou queda de 75% no número de casos e 83% nas mortes por dengue quando comparado com o mesmo período no ano anterior.
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, “foram 2.500 mortes a menos no primeiro trimestre, mas ainda assim já somamos 430 óbitos confirmados neste ano. Desses, 305 ocorreram em São Paulo, 34 no Paraná e 32 em Minas Gerais.”.
“Os meses de abril e maio são, historicamente, os de maior incidência de casos de dengue na região Sudeste, a mais populosa do Brasil. Por isso, esse balanço é um marco para reforçarmos as ações e nos prepararmos ainda mais para esse período crítico”, explicou o ministro Alexandre Padilha.

Cristina Christiano é jornalista com extensa carreira profissional, tendo atuado em diversos veículos impressos e audiovisuais nas áreas de polícia, justiça, saúde, educação, comportamento, urbanismo, direitos humanos, economia, entre outras. Fez diversas reportagens especiais, além de séries de repercussão e recebeu já vários prêmios por seu trabalho.