O coração encarnado voltou a pulsar mais forte na tarde desta segunda-feira (30), quando foi anunciado o grande campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins: o Boi Garantido. Após três noites intensas de disputa, o bumbá vermelho e branco levou para casa o tão aguardado 33º título de sua história, pondo fim a um jejum que durava desde 2019. A apuração dos votos, realizada no Bumbódromo, consagrou o espetáculo “Boi do Povo, Boi do Povão” como o grande vencedor da edição de 2025.
Realizado nos dias 27, 28 e 29 de junho, o festival colocou novamente frente a frente os bois Garantido e Caprichoso, numa batalha de cultura, emoção e identidade. Os dois bumbás disputaram ponto a ponto com uma sequência de apresentações que encantaram o público e os jurados, reunindo lendas da Amazônia, rituais indígenas, elementos afro-brasileiros e grandes alegorias. Ao todo, foram avaliados 21 itens, divididos em três blocos: Artístico, Cênico-Coreográfico e Musical.
Com um projeto centrado na representatividade popular e na valorização das raízes amazônicas, o Garantido conquistou não apenas os jurados, mas também o coração da galera encarnada que lotou o Bumbódromo com bandeiras, vozes e emoção. O clima era de saudade e esperança e a resposta veio com a força de uma tradição que se reinventa a cada ano.
1ª Noite: “O Ecoar das Vozes da Floresta”
A estreia do Garantido na arena aconteceu na sexta-feira (27), com o espetáculo “O Ecoar das Vozes da Floresta”, uma homenagem à diversidade dos povos originários da Amazônia. A lenda “Tapyra’yawara” e o ritual indígena “Moyngo, A Iniciação Maragareum” abriram os caminhos espirituais e artísticos do bumbá, estabelecendo um elo profundo entre cultura e resistência. A presença marcante da galera encarnada impulsionou ainda mais a performance, marcada por cenários grandiosos, coreografias bem ensaiadas e uma trilha sonora que misturou ancestralidade e modernidade.
2ª Noite: “Garantido, Patrimônio do Povo”
O sábado (28) foi a noite da consagração das raízes. Com o tema “Garantido, Patrimônio do Povo”, o boi destacou as contribuições das culturas afro-brasileira, indígena e popular, com destaque para o ritual “Ajié”, protagonizado pelo pajé Adriano Paketá. A espiritualidade ganhou o centro da arena com força e beleza, enquanto as alegorias deram vida a símbolos que reforçam a identidade do povo amazônida. O vínculo emocional com o público foi um dos diferenciais da noite, transformando cada apresentação em um verdadeiro ato de celebração coletiva.
3ª Noite: “Garantido, Boi do Brasil”
O desfecho veio com um espetáculo grandioso no domingo (29): “Garantido, Boi do Brasil”. Encerrando a trilogia “Boi do Povo, Boi do Povão”, o Garantido exaltou a diversidade cultural do país e homenageou nomes históricos como o compositor Chico da Silva. Em um momento de grande emoção, o boi também prestou tributo a Denildo Piçanã, o tripa que se despediu da arena após anos de dedicação à agremiação. A lenda “A Deusa das Águas” fechou a noite com poesia, movimento e misticismo, coroando uma apresentação que uniu técnica, emoção e história.
Uma vitória construída com o povo
O 33º título do Boi Garantido é mais do que uma conquista artística é uma vitória simbólica de um povo que vê no festival não apenas uma festa, mas um espaço de afirmação cultural, resistência e pertencimento. O tema escolhido para 2025 não poderia ser mais representativo: “Boi do Povo, Boi do Povão” traduz com fidelidade a alma encarnada, que pulsa nas vozes das tribos, nos batuques das toadas e na vibração das arquibancadas.
O retorno ao topo, após seis anos, reafirma a relevância do Garantido na história do festival e mostra que, mesmo diante dos desafios, a paixão de uma galera apaixonada pode transformar arte em vitória.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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