A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente o uso de um novo medicamento voltado ao tratamento do câncer no cérebro, oferecendo uma perspectiva promissora para milhares de pacientes no Brasil. O remédio, chamado Vorasidenibe, é indicado especialmente para pessoas com glioma de baixo grau, um tipo específico de tumor cerebral que atinge majoritariamente pacientes jovens.
O medicamento atua inibindo a multiplicação de proteínas que estimulam o crescimento das células malignas, interrompendo, assim, o avanço da doença. “O Vorasidenibe é um remédio oral, bem tolerado, que age contra um marcador específico desses tumores. Num estudo com 331 pacientes, reduziu em 61% o risco de progressão da doença e em 74% a necessidade de outro tratamento”, afirmou Fernando Maluf, oncologista do Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer.
Um avanço importante no tratamento
O glioma de baixo grau corresponde a cerca de 20% dos tumores cerebrais diagnosticados no Brasil, que registra, anualmente, aproximadamente 11 mil novos casos de câncer no cérebro. A faixa etária mais afetada é a de pacientes jovens, o que torna o avanço significativo para a oncologia nacional.
De acordo com especialistas, o Vorasidenibe representa um dos maiores progressos na última década em tratamentos específicos para tumores cerebrais, oferecendo uma alternativa eficaz que até agora não estava disponível no país. A terapia oral permite maior comodidade e melhor qualidade de vida para os pacientes, que não precisam se deslocar constantemente para tratamentos hospitalares invasivos.
Estudos clínicos e eficácia
Os resultados do estudo clínico internacional envolvendo 331 pacientes demonstraram efeitos expressivos do medicamento. Além da redução significativa no risco de progressão da doença, houve também diminuição expressiva na necessidade de iniciar outros tratamentos, como quimioterapia ou radioterapia, que muitas vezes causam efeitos colaterais intensos.
Segundo Maluf, “esse é um avanço que há 20 anos não se via em termos de tratamento oncológico específico para tumores cerebrais. Pacientes que antes tinham opções limitadas agora contam com uma terapia direcionada, mais segura e eficaz”.
Custo e acesso no Brasil
O Vorasidenibe, apesar do potencial transformador, apresenta um custo elevado: cerca de R$ 200 mil por mês de tratamento. Atualmente, ainda não há previsão de inclusão do medicamento na rede pública de saúde, o que limita o acesso da maior parte da população. Especialistas defendem que esforços sejam feitos para viabilizar programas de acesso e parcerias com o Sistema Único de Saúde (SUS) e fabricantes, garantindo que mais pacientes possam se beneficiar do avanço.
Esperança para o futuro
A aprovação do Vorasidenibe reforça a importância da inovação na oncologia e representa um passo crucial para o tratamento de tumores cerebrais raros ou de difícil manejo. Para pacientes e familiares, a novidade traz esperança e expectativas de resultados mais favoráveis no combate ao glioma de baixo grau.
Com pesquisas contínuas e expansão do acesso, o novo medicamento pode transformar o panorama do câncer cerebral no Brasil, oferecendo tratamentos mais precisos, menos invasivos e com maior qualidade de vida para os pacientes.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Anvisa proíbe venda de medicamentos e suplementos alimentares; descubra quais