Lula e Donald Trump dividiram atenções na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23). O presidente brasileiro defendeu a democracia, criticou sanções dos Estados Unidos e denunciou o que chamou de “genocídio em Gaza”, enquanto o líder americano adotou tom combativo contra instituições multilaterais, políticas climáticas e imigração. As falas geraram reações imediatas de governos, diplomatas e analistas, reforçando o contraste entre as agendas de Brasil e EUA no cenário global.
Reações ao discurso de Lula
“Ataques à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra”, disse Lula, sem citar Trump. “Não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia.”
A Reuters destaca que Lula acusou os Estados Unidos de promoverem “ataques unilaterais” às instituições brasileiras, por meio de sanções, tarifas e restrições de visto, como resposta à condenação de Bolsonaro — medidas que, segundo ele, ameaçam a soberania do país.
O The Guardian aponta que Lula alertou para a ascensão de forças antidemocráticas no mundo, citando violência, desinformação e a tentativa de golpe de 8 de janeiro como exemplos.
A Agência Anadolu informou que Lula classificou a situação em Gaza como “genocídio” e responsabilizou quem poderia intervir para deter o massacre.
Ainda segundo a Anadolu, Lula denunciou sanções arbitrárias por parte dos EUA como “uma agressão à independência do Judiciário” e afirmou que o Brasil, mesmo sob ataque, resistirá para defender suas instituições democráticas.
Reações ao discurso de Trump
A Reuters afirmou que Trump criticou a ONU por não apoiar suficientemente iniciativas de paz lideradas pelos EUA, mas garantiu que o país continua “100% comprometido” com a organização.
A Axios destacou que Trump chamou a mudança climática de “o maior golpe já perpetrado contra o mundo”, contrariando a posição de muitos aliados que consideram o tema uma urgência global.
“Na minha opinião, é a maior farsa já perpetrada no mundo”, disse Trump à Assembleia Geral. “Todas essas previsões feitas pelas Nações Unidas e por muitos outros, muitas vezes por motivos equivocados, estavam erradas.”
Ele acrescentou: “Eles foram feitos por pessoas estúpidas que custaram fortunas aos seus países e não deram a esses mesmos países nenhuma chance de sucesso.”
O The Guardian ressaltou o momento em que Trump afirmou que “seus países estão indo para o inferno”, referindo-se a nações europeias, ao criticar políticas de imigração e energias limpas.
Apesar do tom agressivo, houve um breve encontro amistoso entre Trump e Lula em Nova York, e está prevista uma reunião formal entre os dois líderes na próxima semana — gesto interpretado como tentativa de reduzir tensões bilaterais.
Estilos de liderança em contraste
Os discursos reforçaram o contraste de estilos entre os dois líderes. Trump adotou uma linha de raciocínio que confronta a visão predominante da comunidade internacional, falando de forma direta e sem se preocupar se suas declarações poderiam chocar. Lula, por sua vez, optou por um tom diplomático, buscando equilíbrio para manter o diálogo aberto com diferentes países. As falas evidenciaram de forma clara as características mais marcantes de cada um: o confronto e a franqueza de Trump e a aposta de Lula no diálogo e na construção de pontes.
Por Daniela Gentil | Revisão: Redação
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