Ananindeua, segunda maior cidade do Pará, vive em 2025 uma crise política que extrapolou os limites municipais. O prefeito Dr. Daniel Barbosa Santos (PSB) foi afastado do cargo após investigações apontam corrupção, desvios milionários e disseminação de fake news, enquanto trava um embate direto com o governador Helder Barbalho (MDB).
Trajetória e popularidade
Daniel Santos iniciou a carreira como vereador, foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Eleito prefeito em 2020 com apoio de Helder, rompeu com o governador em 2022, deixou o MDB em 2024 e ingressou no PSB. Foi reeleito com 83,48% dos votos, maior índice da história local, e em 2025 assumiu a presidência estadual do partido.
Mesmo sob denúncias, mantém apoio expressivo, especialmente nas áreas periféricas, onde é visto como próximo da população e ativo nas redes sociais.
Escândalos
A Operação Hades, do Ministério Público e Gaeco, acusa Daniel de liderar um esquema de fraude em licitações, lavagem de dinheiro e superfaturamento de contratos, com prejuízo estimado em R$ 115 milhões e bloqueio de bens em R$ 131,8 milhões.
Outra investigação aponta o desvio de R$ 261 milhões do Iasep para o Hospital Santa Maria, que já pertenceu a ele, com produtos vendidos até 60 vezes acima do preço de mercado. O caso ganhou destaque nacional, como na Revista Veja.
Além disso, a sentença prevê multa de até R$ 70 mil e obrigação de publicar direito de resposta por divulgar fake news contra o governo estadual.
Disputa política
A ruptura com Helder consolidou Daniel como liderança de oposição no Pará, enquanto sua esposa, a deputada federal Alessandra Haber, segue no MDB, revelando uma estratégia de articulação dupla: manter diálogo com o governo estadual e, ao mesmo tempo, fortalecer o PSB.
Peso estratégico e repercussão
Com mais de 540 mil habitantes, Ananindeua é peça-chave na Região Metropolitana de Belém e influencia diretamente o cenário eleitoral paraense. A crise ameaça projetos e investimentos, afetando políticas ambientais e de desenvolvimento que têm alcance nacional e internacional.
Analistas apontam que o desfecho dessa disputa pode redefinir o equilíbrio político no Pará e influenciar as eleições estaduais e federais de 2026, além de ter reflexos no protagonismo brasileiro nos debates sobre a Amazônia.
Por Joshua Perdigão | Revisão: Daniela Gentil
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