Parte do telhado da Torre do Tambor, construída em 1375 durante a dinastia Ming, desabou nesta semana em Fengyang, no leste da China. O colapso aconteceu apenas dois meses após uma restauração que custou mais de 2,9 milhões de yuans (cerca de R$ 2,1 milhões). Apesar do susto, ninguém ficou ferido.
A torre, com mais de seis séculos de história, permanece de pé, mas a cena do telhado ruindo assustou visitantes e reacendeu um debate delicado: até que ponto as intervenções modernas respeitam a memória e a integridade de construções históricas?
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais chinesas. Vídeos da queda foram amplamente compartilhados, acompanhados de questionamentos sobre a qualidade da obra recém-entregue. O governo local informou que conduz uma investigação para apurar responsabilidades. O espaço foi isolado por segurança.
A Torre do Tambor é considerada uma das principais estruturas cerimoniais do antigo Império Chinês. Ela já havia sofrido danos anteriores e foi totalmente reconstruída em 1995. O novo colapso, porém, surpreende pela rapidez: a reforma recente durou quase um ano, mas o desabamento ocorreu menos de dois meses após a conclusão, em março deste ano.
O episódio acende um alerta sobre como está sendo feita a preservação de patrimônios culturais, não apenas na China, mas em várias partes do mundo. Mais do que restaurar, é preciso garantir que o processo respeite as técnicas tradicionais e assegure a longevidade das estruturas históricas.
A torre resistiu. Mas a confiança dos visitantes — e o prestígio de uma das grandes obras patrimoniais da China — saíram trincados.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Europa