O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy foi condenado nesta quinta-feira (25) a cinco anos de prisão por conspiração criminosa. A decisão do tribunal de Paris determina que o ex-mandatário cumpra a pena na cadeia mesmo que apresente recurso, medida mais severa do que a esperada por sua defesa.
Sarkozy, de 70 anos, foi acusado de participar de um acordo com o governo do falecido ditador líbio Muammar Gaddafi para obter financiamento para sua campanha presidencial de 2007. Segundo a acusação, milhões de euros teriam sido enviados à França em troca de apoio político, diplomático e comercial ao regime líbio — marcado por denúncias de violações de direitos humanos e por envolvimento em atentados nos anos 1980.
Em 2007, Sarkozy chegou a receber Gaddafi em Paris, na primeira visita oficial do líder africano ao Ocidente desde o fim de seu isolamento internacional.
Absolvições e outras condenações
O ex-presidente foi absolvido das acusações de corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha, mas o tribunal entendeu que ele permitiu que aliados buscassem recursos na Líbia, configurando conspiração criminosa.
Sarkozy negou qualquer irregularidade e afirmou que recorrerá da decisão.
Além dele, outras 11 pessoas foram condenadas, entre elas o aliado Claude Guéant, ex-ministro do Interior, e Brice Hortefeux, que também teria colaborado em transferências de recursos e contatos com autoridades líbias.
Histórico de processos
Este é o maior julgamento por corrupção enfrentado pelo ex-presidente, que governou a França de 2007 a 2012. Sarkozy já havia sido condenado por corrupção e tráfico de influência, além de ocultar gastos ilegais na tentativa de reeleição em 2012. Em ambos os casos, apresentou recurso.
Conheça melhor Nicolas Sarkozy
Nicolas Sarkozy foi presidente da França de 2007 a 2012. Líder do partido conservador União por um Movimento Popular (UMP), chegou ao Palácio do Eliseu com o discurso de modernizar a economia francesa e endurecer políticas de imigração.
Durante seu governo, foi uma das figuras centrais da política europeia, especialmente na crise financeira de 2008, e atuou ativamente na intervenção militar da OTAN na Líbia em 2011, que resultou na queda de Muammar Gaddafi.
Sarkozy também buscou aproximar a França dos Estados Unidos e foi um defensor de reformas econômicas liberais, embora tenha enfrentado resistência interna e greves nacionais contra propostas de reforma previdenciária.
Vida pessoal e polêmicas
A vida pessoal de Sarkozy sempre esteve no centro das atenções da imprensa francesa. Em 2007, pouco após o fim de seu casamento com Cécilia Attias, o então presidente começou um relacionamento com a modelo e cantora Carla Bruni, algo que gerou grande repercussão na época. O casal se casou em 2008, ainda durante o mandato de Sarkozy, e desde então Carla Bruni se tornou presença constante ao lado dele em eventos políticos e sociais.
Entenda melhor com a linha do tempo
2007 – Eleito presidente da França
Sarkozy vence as eleições presidenciais e inicia seu mandato no Palácio do Eliseu. No mesmo ano, começa seu relacionamento com Carla Bruni, fato amplamente comentado pela mídia.
2008 – Casamento com Carla Bruni
O casal oficializa a união em uma cerimônia discreta no Palácio do Eliseu. Carla Bruni se torna primeira-dama da França.
2011 – Intervenção na Líbia
Sarkozy lidera, junto com a OTAN, a intervenção militar que resultou na queda do regime de Muammar Gaddafi.
2012 – Derrota para François Hollande
Sarkozy tenta a reeleição, mas perde para o socialista François Hollande e deixa o cargo.
2023 – Condenação por corrupção confirmada
A Justiça francesa confirma sentença de corrupção e tráfico de influência. Sarkozy recorre da decisão.
2025 – Condenação por conspiração criminosa
O ex-presidente é condenado a cinco anos de prisão por conspiração criminosa envolvendo financiamento líbio.
Por Daniela Gentil | Revisão: Redação
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