A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou queda de 0,9% em setembro, em comparação ao mês anterior. Com isso, o patamar atingiu 101,6 pontos, menor nível desde julho de 2023. O levantamento foi divulgado na última quarta-feira (24).
A intenção de consumo também caiu em 1,9%, se comparado a setembro de 2024. O índice apresentou queda na maioria dos itens apurados, com exceção no nível de emprego atual, que cresceu +0,1% e bateu 125,5 pontos pelo baixo nível de desemprego no país.
Segundo a confederação, o resultado de setembro foi provocado pela alta da taxa de juros e pelo maior nível de endividamento. O cenário deixou as famílias mais cautelosas em relação ao consumo, sobretudo para adquirir produtos de maior valor, como eletrodomésticos e automóveis, geralmente comprados parcelados.
“O resultado de setembro indica que as famílias estão receosas sobre a continuidade da geração de empregos, ao mesmo tempo em que enfrentam restrições no crédito e juros elevados. Esse cenário limita o consumo e gera o alerta sobre a necessidade de preservar o poder de compra da população”, disse o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Em famílias brasileiras que recebem até 10 salários mínimos, a queda no ICF na comparação entre meses foi de 0,8%, para 99,1 pontos. Se comparado com setembro de 2024, a baixa foi de 1,4%. Enquanto as famílias com renda média acima de dez salários mínimos, a queda mensal foi de 1,4% para 114,2 pontos. Na variação anual, a queda foi de 3,4%
O Acesso ao Crédito foi o único item analisado pela CNC que apresentou crescimento no comparativo anual, com avanço de 1,5% (95,2 pontos). O percentual de famílias que consideram mais fácil a obtenção subiu para 33%, a maior taxa desde abril de 2020. No entanto, o indicador caiu 0,6% em relação a agosto, refletindo a cautela diante do aumento do endividamento e da inadimplência.
“A pesquisa deixa clara a existência de um paradoxo: apesar da percepção do acesso ao crédito ser maior, o uso permanece contido, refletindo o impacto da taxa Selic elevada e o risco de desequilíbrio financeiro das famílias”, observa o economista da CNC João Marcelo Costa.
Por Arthur Moreira | Revisão: Daniela Gentil
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