Turim viveu neste sábado (27) um dos protestos mais violentos dos últimos anos. Manifestantes pró-Palestina, que se reuniram na Piazza Crispi, marcharam até o aeroporto de Torino-Caselle, o maior da cidade, responsável por voos nacionais e internacionais. Passageiros ficaram encurralados dentro e fora do terminal, sem conseguir se deslocar enquanto a multidão avançava em direção às áreas próximas da pista.
A manifestação rapidamente se transformou em um cenário de guerrilha urbana. Policiais foram atacados com paus, garrafas, pedras e outros objetos, sendo obrigados a reagir com jatos de água, bombas de efeito moral e equipamentos de choque. Helicópteros sobrevoaram a região para tentar dispersar o grupo, mas não conseguiram conter o avanço dos manifestantes, que chegaram a poucos metros da pista, colocando em risco as operações. Apenas alguns conseguiram romper o portão de acesso e entrar no terminal.
De acordo com a polícia, foram necessárias horas de confronto até que os manifestantes fossem empurrados para longe do aeroporto. Até o momento, 33 pessoas ficaram feridas — incluindo policiais — e pelo menos um manifestante está em estado grave. O clima segue tenso, com caminhões-pipa posicionados para conter novas tentativas de invasão.
Os protestos pró-Palestina têm se intensificado em toda a Itália nas últimas semanas. Mais de cem praças foram ocupadas e devem permanecer tomadas até 4 de outubro, quando as organizações prometem paralisar completamente o país. A data deve marcar uma greve geral que pretende afetar universidades, escolas e transportes públicos, com apoio de partidos, sindicatos e milhares de civis. Até agora, nenhuma autoridade se pronunciou oficialmente sobre a ameaça de bloqueio nacional.
Paralelamente, cresce a pressão de movimentos sociais e partidos políticos para que a primeira-ministra Giorgia Meloni reconheça oficialmente a Palestina como Estado. Meloni disse que pode avaliar o tema, mas condicionou qualquer negociação à exclusão do Hamas. A possibilidade, no entanto, é considerada improvável, já que a premiê é uma das principais apoiadoras de Israel na Europa e mantém estreita aliança com os Estados Unidos.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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