Estima-se que 200 mil pessoas desfilaram neste sábado (28) em Budapeste, capital da Hungria, na Marcha do Orgulho LGBTQIA+. A participação massiva ocorreu apesar das medidas de proibição impostas pelo governo do primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán, que ameaçou multar os participantes em até 500 euros (cerca de R$ 3,2 mil), alegando que convocar a participação ou realizar uma marcha proibida pode resultar em punição de até um ano de prisão.
“A estimativa é que estiveram presentes entre 180 mil e 200 mil pessoas. É difícil estimar o número exato porque nunca houve tanta gente no Orgulho de Budapeste”, declarou à agência de notícias AFP a presidente do evento, Viktoria Radvanyi.
Conflitos sobre a autorização
A realização da marcha foi alvo de uma disputa legal, quando o prefeito de Budapeste anunciou a 17 de junho que o município acolheria o evento como uma atividade própria, dispensando assim a necessidade de aprovação policial. Contudo, a polícia proibiu a marcha, alegando que se tratava de uma reunião pública e só dois dias depois, a 19 de junho, Gergely Karacsony anunciou que a Marcha do Orgulho LGBTQIA+ ocorreria de qualquer forma.
Reação Internacional
Uma petição com mais de 120 mil assinaturas de pessoas de 73 países foi entregue na quarta-feira, na sede da polícia húngara pelo diretor da Amnistia Internacional com o objetivo de “lembrar ao comandante da polícia da cidade o seu dever de respeitar, proteger e facilitar o direito das pessoas a protestar pacificamente”.

Clima de repressão
O evento ocorre num contexto de crescente repressão. Vale lembrar que em abril desse ano entrou em vigor na Hungria uma legislação descrita como discriminatória, utilizada para proibir marchas do Orgulho LGBTQIA+ e outros protestos em defesa da igualdade de direitos da comunidade no país.
De acordo com o Código Penal húngaro, os organizadores de uma “reunião proibida” podem enfrentar acusações criminais e penas de prisão de até um ano. A Hungria é apontada como um dos países da União Europeia que mais tem recuado no cumprimento das suas obrigações internacionais e regionais em matéria de direitos humanos.
Alguns grupos de extrema direita anunciaram mesmo contramanifestações no trajeto da marcha, onde colocaram uma cruz de madeira com mensagens de ódio. Contramanifestações essas autorizadas pelo governo húngaro.
Vale recordar também que antes de Orban voltar ao poder, em 2010, a Hungria era um dos países mais progressistas da região.
Por: Eduardo Carvalho | Revisão: Daniela Gentil
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