Conforme dados do Painel Epidemiológico de Acidentes por Animais Peçonhentos, fornecido pelo Ministério da Saúde, em 2024 mais de 34.260 pessoas registraram ataques de abelhas no Brasil, dos quais 117 resultaram em morte. Comparado a 2020, quando foram registrados 18.818 casos e 75 mortes, o crescimento no ano passado foi de 82%. As Abelhas Africanizadas são as que mais provocam acidentes. Sua colmeia pode conter de 50 a 100 mil insetos.
O ataque por abelhas subiu para o terceiro lugar no ranking de envenenamento por causas animais, ficando atrás somente dos casos com escorpiões e aranhas. Segundo especialistas, esse crescimento é consequência da produção de mel e seus derivados em grande escala no país, além das mudanças climáticas que favorecem o aparecimento de espécies onde ainda não eram presentes.
Tratamento precário
O Brasil ainda não possui um tratamento especializado para casos de ataque por abelhas. O problema é a falta de um antídoto para lidar com esse quadro de saúde, segundo a pesquisa sobre Complicações Clínicas da Toxina de Picadas de Abelhas, publicada na Revista Frontiers in Immunology, em setembro de 2024. Uma realidade diferente do cuidado em casos com outros animais peçonhentos, que usam soro antiofídicos, antiescorpiônicos ou antiaracnídicos.
Em geral, os hospitais ajudam as pessoas de duas formas: amenizam os sintomas por meio de medicamentos ou concedem suporte vital em situações graves. Os quadros mais leves e moderados de alergia são tratados com anti-histamínicos, corticoides tópicos e analgésicos simples. Já os mais graves, com manifestações sistêmicas ou anafilaxia, exigindo o uso de epinefrina.
Desafios na criação do antídoto
A produção de um antiveneno está sendo estudada por décadas em diferentes países. O principal obstáculo é o processo de desenvolvimento do soro. Ele exige aplicação em um animal, como os cavalos, para estimular a produção de anticorpos. Mas, o veneno provoca dor intensa, prejudicando o sistema imunológico e, consequentemente, a fabricação do soro.
A importância das abelhas
As abelhas são importantes para a produção do mel e na polinização de plantas. Elas mantêm o ecossistema em equilíbrio. Segundo o Diretor da ONG Bee or not to Be, Lionel Segui Gonçalves, a maioria das abelhas vive de maneira solitária, mas continuam sendo polinizadoras importantes. As abelhas se alimentam de recursos florais, sendo esse o motivo de visitarem flores para colherem seu pólen e néctar.
O grupo Melíferas, nativas da Europa, África e leste da Ásia, são as mais conhecidas por serem responsáveis pelo mel. Porém, no planeta existem mais de 20 mil espécies de abelhas de diferentes tamanhos, cores e hábitos. As que vivem na América Latina são as Meliponas — abelhas sem ferrão — compondo as mais de 4.000 espécies que vivem na região.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as abelhas são responsáveis pela polinização de 85% das plantas com flores em matas e florestas da natureza. Com isso, elas garantem o equilíbrio dos ecossistemas e a existência de plantas suficientes para a produção de oxigênio. Aliás, 70% das culturas agrícolas também dependem das polinizadoras para garantir produtividade e qualidade dos alimentados cultivados.
Cuidados necessários
De fato, elas são animais incríveis, mas quando se sentem ameaçadas tornam-se perigosas para a vida humana, especialmente ao formarem um enxame. Por isso, veja uma lista com os principais cuidados para evitar ser picado por uma ou mais abelhas.
- Se estiver de frente a uma colmeia de abelhas, saia de perto o mais rápido possível. Não grite e não se debata, isso irá chama a atenção de mais abelhas.
- Caso seja atacado e não esteja em uma área de mata fechada, onde é possível passar pelos galhos das árvores, evitando a circulação de abelhas, tente encontrar um local fechado. Seja entrando em um veículo ou numa casa, feche as portas e janelas para elas não entrarem.
Em caso de já ter levado picadas:
- Seja a pessoa alérgica ou não, é necessário buscar atendimento médico para realizar o tratamento adequado. Os sinais são claros, a pessoa com alergia fica vermelha e sente a garganta “fechando” ao edema de glote. Os sintomas levam a problemas respiratórios, em casos extremos, à morte. Portanto, é preciso tomar um antialérgico recitado pelo médico.
- Caso o indivíduo não seja alérgico, ela tem intoxicação no organismo, podendo ter paralisia dos rins e ir a óbito. Por isso, vá para um hospital com a maior rapidez possível para desintoxicar o corpo do veneno.
Por Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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