Uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza foi cercada por embarcações militares israelenses na manhã deste domingo (8), mas conseguiu seguir viagem. A embarcação da Flotilha da Liberdade, carregada com alimentos e medicamentos, havia partido da Turquia com destino ao território palestino sitiado.
O barco transporta mais de cinco toneladas de mantimentos destinados à população civil de Gaza, que enfrenta escassez extrema devido ao bloqueio imposto por Israel. A bordo estão voluntários, médicos, jornalistas e ativistas pacifistas, todos desarmados.
Horas antes do cerco, o ativista e internacionalista Thiago Ávila, um dos organizadores da missão e integrante da tripulação, havia alertado sobre possíveis ações militares: “É uma clara ameaça. Israel declarou que bloquearia a passagem do barco”, afirmou.
No vídeo mais recente, publicado nas redes sociais, Ávila narra o momento em que várias embarcações israelenses surgiram ao mesmo tempo, rodearam o barco e depois desapareceram. “Pode ser uma estratégia para virem por trás com as luzes apagadas. A gente também não pode confirmar que eles não estejam embarcando neste exato momento”, alertou.
Apesar do cerco, não houve ataque nem tentativa oficial de embarque. “Foi, provavelmente, terrorismo psicológico. Eles estavam muito perto. Se quisessem, bastava um minuto para nos abordar. Por isso, tivemos que levantar o alarme”, explicou o ativista.

Segundo Ávila, além do bloqueio naval, Israel teria pressionado diplomaticamente países africanos que demonstraram apoio à travessia. Para ele, a tentativa de interceptação representa um ato político que agrava a crise humanitária em Gaza, considerada uma das regiões mais devastadas do mundo.
Durante o cerco, o contato com a embarcação foi temporariamente perdido, o que gerou apreensão entre os apoiadores da missão. Minutos depois, os navios militares israelenses recuaram e desapareceram da área, permitindo que o barco retomasse o curso em direção à Faixa de Gaza.
A expectativa agora é de que o barco consiga chegar ao destino nesta segunda-feira (9).
Em seu apelo, Ávila reforça que a missão é totalmente humanitária, amparada pelo direito internacional, e que não deveria existir se os governos fizessem o que lhes cabe. “Estamos aqui porque não aceitamos ver crianças morrendo de fome, hospitais bombardeados, escolas destruídas. O povo palestino não está sozinho.”
A iniciativa faz parte de uma campanha internacional que busca romper o bloqueio israelense e denunciar as restrições impostas à população palestina. O episódio reacende o debate sobre a atuação de missões civis em zonas de conflito e pode gerar repercussões diplomáticas nos próximos dias.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Europa I Revisão: Laís Queiroz
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