A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em vigor desde 1943, pode perder protagonismo nas próximas décadas. Levantamento do Datafolha, publicado em junho de 2025, mostra que 59% dos brasileiros preferem trabalhar por conta própria, enquanto apenas 39% ainda optam pela carteira assinada.
A proporção dos que aceitariam um salário menor em troca da estabilidade caiu de 77% para 67%, enquanto aumentou para 31% o número dos que abririam mão do vínculo formal por maior remuneração.
A pesquisa revela uma mudança no comportamento da população economicamente ativa, que valoriza autonomia, horários flexíveis e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Esse cenário é impulsionado pelo avanço tecnológico, pela popularização do trabalho remoto e pela busca por formatos mais dinâmicos.
Embora não haja previsão de extinção da CLT, especialistas destacam a urgência de modernizar o modelo, que já passou por mais de 500 alterações, mas ainda não abrange questões atuais, como home office, plataformas digitais e assédio virtual.
Estudos da Coppe/UFRJ apontam três possíveis trajetórias para o mercado de trabalho até 2050, variando entre a manutenção do modelo atual, um cenário de desemprego elevado por automação e uma transição positiva para novas profissões nos setores de cuidado, arte e tecnologia. Em qualquer hipótese, será necessário atualizar a legislação para garantir direitos sem impedir a inovação.
A indústria já sente os impactos. Segundo a Fiesp, 20,5% das empresas não conseguiram contratar no último ano, e 77,1% relataram dificuldades, sobretudo para vagas com vínculo formal. A rigidez das regras e a complexidade da Justiça do Trabalho, com mais de 1.500 Varas e 24 Tribunais Regionais, aumentam a insegurança jurídica.
Diante desse cenário, especialistas defendem uma revisão ampla da legislação para equilibrar flexibilidade e proteção. A CLT tende a perder espaço até 2050 se não se adaptar às transformações em curso.
Por: Kátia Gomes | Revisão: Thaisi Carvalho
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