Os Correios atravessam um dos momentos financeiros mais delicados de sua história. Para evitar um colapso operacional, a estatal avalia contratar um empréstimo de até R$ 20 bilhões até 2026, com garantia do Tesouro Nacional. A proposta foi discutida nesta quarta-feira (15) pelo Conselho de Administração da empresa.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, confirmada pela CNN Brasil, o plano prevê duas etapas de financiamento: R$ 10 bilhões ainda em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. O crédito seria viabilizado por um consórcio de bancos públicos e privados — entre eles o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal — com taxas de mercado e aval da União.
O alerta no governo foi acionado após o balanço do primeiro semestre revelar prejuízo de R$ 4,3 bilhões, mais que o triplo do registrado em 2024. A queda nas receitas e o aumento das despesas vêm corroendo a capacidade de investimento da empresa, que já opera no limite da sustentabilidade financeira.
Para o Ministério da Fazenda, o principal risco é que os Correios passem a ser classificados como empresa dependente do Orçamento Geral da União (OGU). Isso obrigaria a inclusão de seus gastos — estimados em cerca de R$ 20 bilhões anuais — no novo arcabouço fiscal, reduzindo a margem do governo para despesas discricionárias.
Entre as medidas estudadas para aliviar a pressão sobre as contas estão venda de imóveis, um novo plano de demissão voluntária (PDV), mudanças no plano de saúde dos funcionários e a repactuação de dívidas com fornecedores e aposentadorias.
Enquanto o plano de socorro é avaliado, a estatal tenta convencer o governo de que ainda é viável. O desafio agora é reconstruir a confiança do mercado e demonstrar que o crédito bilionário será usado para garantir uma operação sustentável — e não apenas para adiar uma crise anunciada.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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