Uma antiga cratera de vulcão extinta em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, pode colocar o Brasil no centro da disputa geopolítica por terras raras. Segundo estimativas de geólogos, o local pode abrigar até 300 milhões de toneladas desses minérios.
A corrida pela exploração desses recursos já começou. De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), foram concedidas 1.882 autorizações para pesquisa de terras raras em todo o Brasil, sendo 361 somente em Minas Gerais — cerca de um terço delas concentradas na região de Poços de Caldas. Em sua maioria, as solicitações foram feitas em 2023 e 2024 por empresas brasileiras e estrangeiras.
O solo da cratera — que cobre aproximadamente 800 km² – também chamada de planalto – de Poços de Caldas, que engloba os municípios mineiros de Poços de Caldas, Andradas, Caldas, além de Águas da Prata em São Paulo, pode gerar 300 milhões de toneladas de terras raras, segundo o geólogo Álvaro Fochi, que foi o responsável por encontrar a jazida no início dos anos 2010.
As terras raras da cratera têm uma vantagem competitiva: abrigam argilas iônicas próximas à superfície, o que facilita a extração, reduz custos e causa menos impacto ambiental. Essa característica torna o depósito mineiro uma alternativa competitiva ao domínio chinês, país que atualmente responde por mais de 90% da produção mundial de ímãs permanentes.
Com a recente decisão do governo chinês de restringir as exportações, países como os Estados Unidos têm intensificado os esforços para buscar novas fontes desses minérios críticos. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Brasília, manifestou interesse oficial do governo dos EUA nos minérios estratégicos brasileiros.
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior reserva conhecida de terras raras no mundo, com cerca de 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% das reservas globais, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. Além de Minas Gerais, há projetos mapeados na Bahia, Goiás, Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima.
Por Arthur Moreira | Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Terremoto que atingiu Rússia é o mais forte desde 2011 e o 6º maior já registrado
