Em cada 17 de outubro, os acordes da história brasileira soam mais alto para celebrar o Dia Nacional da Música Popular Brasileira. A data, oficializada em 2012, reverencia o nascimento de uma das maiores artistas do país: a maestrina, pianista e compositora Chiquinha Gonzaga. Ela não só desafiou as convenções sociais de sua época para viver da arte, como também deixou um legado que se tornou a partitura fundamental para a construção da identidade sonora do Brasil.
Chiquinha enfrentou uma sociedade que negava às mulheres o espaço público. Por amor à música, rompeu com um casamento que tentava silenciar seu piano e se imortalizou como uma figura de vanguarda, fundando a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Sua coragem e sua obra são pilares da música popular que floresceu ao longo do século XX.
Origem da MPB
A Música Popular Brasileira nasceu da mistura de diversos estilos sonoros, vindos tanto da Europa quanto das culturas africanas e indígenas, suas raízes remontam ao período colonial. Foi entre os séculos XVIII e XIX que essa melodia começou a ganhar corpo nas principais cidades do país. No entanto, foi com a chegada do samba, no início do século XX, que a MPB se consolidou, afinando a identidade que reconhecemos hoje.
Relembre os principais artistas da MPB
A MPB se consolidou como uma das expressões mais autênticas da identidade nacional, em meio a transformações sociais e políticas que marcaram os anos 1960 e 1970.
Nomes como Elis Regina, Tim Maia, Caetano Veloso,Gal Costa,Maria Bethânia, Gilberto Gil,Chico Buarque,Milton Nascimento, Toquinho e vários outros se consolidaram como destaques do movimento. A seguir, você irá relembrar sete músicas que fizeram história e são lembradas até os dias de hoje como clássicos da MPB.
Cálice – Chico Buarque e Gilberto Gil
A música Cálice é uma das mais importantes e envolventes canções de protesto da MPB. Escrita em 1973, durante a ditadura militar, a canção utilizou o trocadilho “cale-se” para driblar a censura e expressar o desejo de liberdade e justiça.
Águas de Março – Elis Regina e Tom Jobim
A música é uma verdadeira celebração da vida. Com versos que se repetem em um fluxo contínuo, a canção lançada em 1974 traduz a simplicidade e a beleza do cotidiano, tornando-se um símbolo da leveza e da poesia brasileira.
Maria, Maria – Milton Nascimento
Esta música icônica de Milton Nascimento foi lançada em 1978 e é uma homenagem às mulheres, destacando sua importância na sociedade e sua força. A canção é um reflexo das mudanças sociais e políticas da época.
Aquarela – Toquinho e Vinícius de Moraes
Esta música, interpretada por Toquinho e com letra de Vinícius de Moraes, faz alusão à criatividade e à infância, se tornando uma melodia que foi presente na infância de muitas crianças e é até os dias de hoje. Foi lançada em 1983.
Garota de Ipanema- João Gilberto e Tom Jobim
A canção que apresentou a bossa nova ao mundo. Retratando a beleza de uma jovem a caminho da praia de Ipanema, a música se tornou um dos maiores clássicos da história, com inúmeras gravações internacionais.
O que Será? (À Flor da Terra) – Chico Buarque e Milton Nascimento
Criada para o filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, a música transcendeu o cinema. Com uma melodia marcante e uma letra repleta de perguntas, a obra reflete sobre as incertezas sociais e políticas do Brasil sob a ditadura.
Como Nossos Pais – Elis Regina
Composta por Belchior, a canção ganhou sua interpretação definitiva na voz de Elis Regina. A letra é um retrato poderoso do conflito de gerações e das desilusões pós-1968, questionando o novo e o velho em uma performance visceral.
Seja na folha qualquer onde se desenha uma “Aquarela” que colore o futuro, na força de “Maria, Maria”, que nos lembra que é preciso ter “raça e gana sempre”, ou no “doce balanço a caminho do mar” de uma eterna “Garota de Ipanema”, as melodias da MPB provam sua atemporalidade. Elas nos mostram que, mesmo vivendo diferente dos “nossos pais”, a música continua sendo o fio que une gerações. Décadas depois, a Música Popular Brasileira segue mais viva do que nunca, pulsando em cada canto do Brasil.
Por: Por Arthur Moreira | Revisão: Laís Queiroz
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