ALERTA: Esta matéria contém detalhes explícitos de ameaças de morte, incitação a massacres e discurso de ódio, que podem ser perturbadores para os leitores. O MD NEWS repudia veementemente qualquer forma de violência e discurso de ódio, e não compactua com as ações e ideias descritas a seguir, que são reproduzidas estritamente no contexto da reportagem jornalística sobre o caso.
Um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa determinou, nesta quinta-feira (23), a prisão preventiva de Bruno Silva, suspeito de ameaçar a jornalista brasileira Stefani Costa e de incitar o ódio contra brasileiros em Portugal. A decisão judicial ocorreu após a detenção do indivíduo na última terça-feira (21).
O suspeito, de 30 anos e de nacionalidade luso-brasileira, foi detido em sua casa, na região de Vila Real, no Norte de Portugal, por agentes da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCTE) da Polícia Judiciária, a pedido do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
Em entrevista ao MD News, Stefani refere que “apesar de eu ter sofrido essa ameaça, essa agressão e essa violência, eu acho que essa vitória de conseguir ver o criminoso ser detido e ter que finalmente responder pelos seus crimes ajuda nós jornalistas como um todo“. A profissional diz ainda que “a partir do momento em que uma pessoa discorda do que você acredita e isso a motiva a te ameaçar de morte ou a instigar que outras pessoas atentem contra a sua vida e a vida das pessoas que estão à sua volta, é algo assim, gravíssimo e que realmente tem escalado. Quando eu cheguei aqui (em Portugal) esse tipo de ameaça e de comportamento era quase que raro.“
Incitação ao ódio
Ao que tudo indica, o motivo da ameaça teria sido uma reportagem da jornalista sobre um outro homem que oferecia 500 euros “por cada cabeça de brasileiro decapitado”.
Nas publicações, feitas na plataforma X (antigo Twitter), o suspeito escreveu:

Segundo a Polícia Judiciária, Bruno é “fortemente indiciado de ter difundido, nas redes sociais, uma publicação na qual incita à violência contra um grupo de pessoas de nacionalidade estrangeira”. A força de autoridade acrescenta ainda que a pubçicação “viralizou, registrando enorme repercussão e alarme social, afetando gravemente o sentimento de tranquilidade, de segurança e da paz pública”.
A jornalista apresentou queixa ao Ministério Público português e contou com o apoio da Embaixada do Brasil em Lisboa.
Histórico de perseguição a Stefani Costa
As ameaças a Stefani Costa não são recentes. A jornalista relatou que, em junho de 2024, o mesmo indivíduo já lhe havia enviado uma foto segurando armas, afirmando que seriam usadas para matá-la. A imagem incluía “o símbolo do movimento 1143 (definido em documentos policiais como um grupo ultranacionalista e neonazista)“. Além disso, o post ainda dizia “Macaca brasileira, a tua amiga Amanda Lima (uma outra jornalista brasileira em Portugal) desapareceu daqui, tu és a próxima”.

Por conta destas situações, Stefani revelou que tem cuidados acrescidos no seu dia a dia: “medo eu nunca tive, até porque é isso que eles querem, eles querem que a gente fique em silêncio. Receio, é claro, sempre tem. E é por isso que eu sigo medidas cautelares, vamos dizer assim. Mudar rotas, não atender ligações de quem não conheço… sempre que eu vou em espaços públicos, tentar não ir sozinha. Tento sempre ir com uma equipe”.
No entanto, nada disso a vai impedir de continuar o seu trabalho em prol dos fatos “eu não vou parar, vou continuar exercendo minha profissão, vou continuar exercendo meu ofício. Não só pelo meu compromisso com o jornalismo, mas em nome de vários outros jornalistas, não só em Portugal mas também no Brasil, que deram as suas vidas para que a gente possa estar aqui”.
Stefani Costa aproveitou para relembrar Vladimir Herzog “que foi morto pela ditadura militar no Brasil, justamente por fazer seu trabalho, que é o jornalismo”.
Por: Eduardo Carvalho – Correspondente MD News em Portugal | Revisado por: Lais Queiroz
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