Israel avalia a anexação de partes da Cisjordânia ocupada em resposta ao reconhecimento do Estado palestino por países ocidentais. A medida é estudada pelo governo de Benjamin Netanyahu após França, Austrália, Canadá, Portugal e Reino Unido anunciarem que oficializarão o reconhecimento ainda neste mês.
Segundo autoridades israelenses, entre as opções estão desde a tomada de assentamentos judaicos até a aplicação da soberania sobre toda a Área C, que corresponde a 60% do território. Uma das propostas mais discutidas é a anexação do Vale do Jordão, considerada mais aceitável à comunidade internacional por razões de segurança.
Enquanto parte do governo defende a anexação gradual, aliados de extrema-direita e lideranças de colonos pressionam por medidas amplas, que cercariam centros populacionais palestinos e inviabilizariam a criação de um Estado contíguo. “Ao aplicar a soberania, impediremos o estabelecimento de um Estado palestino”, disse Omer Rahamim, CEO do Conselho Yesha.
A decisão ainda não tem aval dos Estados Unidos, embora tenha sido discutida entre o chanceler Gideon Saar e o secretário de Estado Marco Rubio. Netanyahu avalia um plano em fases, que poderia ser usado como moeda de troca em negociações para normalização com a Arábia Saudita.
Além da anexação, Israel considera sanções contra a Autoridade Palestina. Na última sexta-feira (29), os EUA anunciaram que negarão vistos a representantes palestinos na Assembleia Geral da ONU, onde Emmanuel Macron deve oficializar o reconhecimento francês ao Estado palestino – tornando-se o primeiro membro permanente do Conselho de Segurança a fazê-lo.
O ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, afirmou que o Reino Unido “se opõe veementemente” aos planos, que ele descreveu como “uma flagrante violação do direito internacional”.
“Os planos devem ser interrompidos agora”, disse Lammy em um comunicado no dia 14 de agosto.
A presidência do Conselho Nacional Palestino criticou duramente o avanço do projeto, descrevendo-o em um comunicado como um “plano sistêmico para roubar terras, “judaizá-las” e impor fatos bíblicos ao conflito”.
Com informações da CNN Internacional.
Por: João Vitor Mendes | Revisão: Thaisi Carvalho
LEIA TAMBÉM: Reconhecimento do Estado Palestino não pode ofuscar urgência de cessar mortes em Gaza, alerta especialista da ONU