Em 2023, pesquisadores encontraram dois meteoritos no Deserto do Saara e agora, um estudo divulgado na Revista Icarus, relata que podem ser de Mercúrio, o planeta mais misterioso do Sistema Solar. Caso o Northwest Africa 15915 (NWA 15915) e Ksar Ghilane 022 (KG 022), como foram denominados, sejam realmente de lá, seriam os primeiros fragmentos do astro identificados pelos humanos.
A superfície de Mercúrio é rochosa, parecida com a superfície lunar, e acredita-se que as suas crateras contêm gelo. Por estar bem perto do sol, as sondas enviadas da Terra sentem dificuldade para conseguir explorar e realizar missões com astronautas. Por isso, os cientistas ainda não sabem quase nada sobre a composição de lá.
Em todos esses anos, somente três sondas viajaram pelo espaço para orbitar Mercúrio, a Mariner 10 (1973), MESSENGER (2004) e BepiColombo (2018). Com ajuda delas, descobriu-se que o astro abriga mineiras conhecidos por nós, como plagioclásico rido em sódio, piroxênio pobre em ferro, olivina pobre em ferro e minerais sulfurosos. Em 2026, a BepiColombo fará uma nova aproximação para posicionar o Orbitador Planetário de Mercúrio (ESA) e Orbitador Magnetosférico de Mercúrio (JAXA) na órbita. A partir de 2027, os dois coletarão dados da superfície e magnetismo do planeta.
Para Ben Rider-Stokes, pesquisador de pós-doutorado em meteoritos acondríticos na The Open University, no Reino Unido, existem mais de 1.100 meteoritos lunares e marcianos na Terra, e conforme a quantidade e modelagem dinâmica de Mercúrio, deveriam ter cerca de 10 meteoritos dele aqui também. Mas, como está muito perto do sol, qualquer coisa que seja ejetada precisa escapar da gravidade solar para vir diretamente à Terra.
O pesquisador e os co-autores informaram que as rochas encontradas apresentam uma composição com os minerais do astro, sendo comparados com os Aubritas, outros meteoritos considerados fragmentos do mesmo planeta. Porém, um fator que gerou dúvidas para os estudiosos é que elas parecem ter ser formado há 4,5 bilhões de anos, época em que a superfície do planeta ainda não existia, já que surgiu por volta de 4 bilhões de anos. Mesmo assim, Stokes afirmou que só será possível avaliar essa situação quando visitarem a superfície ou conseguirem algum material. Afinal, não é fácil refutar ou aprovar com confiança quando não se tem muitos dados.
Por Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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