Segundo o relatório Global Tipping Points 2025, o planeta entrou em uma nova realidade climática ao ultrapassar o primeiro ponto de não-retorno ambiental: a morte generalizada dos recifes de corais. O documento, divulgado na segunda-feira (13), foi elaborado por 160 cientistas de mais de 20 países e aponta sobre como os impactos do aquecimento global estão se tornando irreversíveis em algumas regiões do planeta.
Os recifes de corais de águas quentes foram os primeiros a atingir o limite crítico. Desde 2023, o mundo enfrenta o pior evento de branqueamento em massa já registrado, causado pelo aumento recorde da temperatura dos oceanos, mais de 80% dos recifes foram afetados. Esses ecossistemas, essenciais para a biodiversidade marinha e para a segurança alimentar global, sustentam cerca de um quarto de todas as espécies oceânicas e movimentam trilhões de dólares na economia mundial.
“Já levamos os recifes de coral além do que eles conseguem suportar”, afirmou Mike Barrett, cientista-chefe do World Wildlife Fund (WWF) e um dos autores do relatório. Segundo ele, “sem uma reversão do aquecimento global, extensos recifes, como os conhecemos, desaparecerão”.
Colapsos nos sistemas vitais do planeta
O estudo também alerta que outros sistemas vitais do planeta, como as calotas polares e a Floresta Amazônica, estão próximos de seus próprios pontos de inflexão. Se forem ultrapassados, esses eventos poderão desencadear efeitos em cadeia, como o colapso de correntes oceânicas, mudanças bruscas no clima e elevação do nível do mar.
Ainda de acordo com o relatório, o aquecimento global já atingiu 1,4 °C acima dos níveis pré-industriais, superando o ponto crítico estimado de 1,2 °C para os recifes. Mesmo com as metas mais otimistas de estabilização em 1,5 °C, há 99% de probabilidade de que esses ecossistemas não se recuperem.
O Global Tipping Points 2025 também destaca que as políticas atuais não estão preparadas para lidar com transformações abruptas e irreversíveis. Os cientistas pedem medidas urgentes, como a redução imediata das emissões de gases de efeito estufa e o avanço das tecnologias de remoção de carbono.
Nem tudo está perdido
Apesar do cenário alarmante, o relatório ressalta sinais positivos, como o avanço acelerado das energias limpas como a solar, eólica e veículos elétricos, que podem ajudar a frear o aquecimento se adotadas em escala global.
O estudo foi publicado um mês antes da COP30, conferência climática da ONU que será realizada no Brasil, onde os países deverão apresentar novas metas de redução de emissões: “Se não agirmos agora, poderemos perder também a Amazônia, as calotas polares e correntes oceânicas vitais”, alertou Barrett. “Esse seria um resultado verdadeiramente catastrófico para toda a humanidade.”
Por João Vitor Mendes | Revisão: Pietra Gomes
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