O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi diagnosticado com insuficiência venosa crônica, conforme informou nesta quinta-feira (17) a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. O comunicado veio após especulações da imprensa sobre o estado de saúde do chefe de Estado, que recentemente foi fotografado com inchaço visível nas pernas e hematomas nas mãos.
De acordo com Leavitt, Trump foi submetido a uma bateria de exames, incluindo uma ultrassonografia nas pernas, depois que médicos da Casa Branca identificaram sinais incomuns durante sua rotina médica. A condição, segundo os profissionais, é considerada comum entre indivíduos com mais de 70 anos, faixa etária em que o presidente se enquadra.
“A ultrassonografia revelou insuficiência venosa crônica, uma condição comum, particularmente em indivíduos com mais de 70 anos”, disse a porta-voz a repórteres no Salão de Imprensa James Brady. Leavitt também comentou sobre os hematomas recentes no dorso das mãos do presidente. Segundo ela, os médicos atribuíram os sinais a uma leve irritação dos tecidos moles, causada tanto por apertos de mão frequentes quanto pelo uso contínuo de aspirina, medicamento que Trump toma regularmente como parte de um regime de prevenção cardiovascular.
O esclarecimento da Casa Branca surge num momento em que a saúde dos líderes norte-americanos volta ao centro do debate político. A questão foi decisiva na corrida eleitoral de 2024, em que o então presidente Joe Biden, após meses de questionamentos sobre sua aptidão física e mental, anunciou a desistência de sua campanha à reeleição.
Apesar da revelação médica, Leavitt enfatizou que Trump segue em “excelente estado de saúde” e minimizou os impactos do diagnóstico. “O presidente continua com excelente saúde, algo que todos vocês testemunham diariamente aqui”, afirmou.
Quadro clínico e possíveis implicações
A insuficiência venosa crônica (IVC) é uma condição em que as veias das pernas apresentam dificuldades em transportar o sangue de volta ao coração. Isso ocorre geralmente devido ao enfraquecimento ou dano nas válvulas venosas, fazendo com que o sangue se acumule nas pernas. Os sintomas podem incluir inchaço, dor, varizes visíveis, cansaço e alterações na coloração da pele. Em casos mais graves, a condição pode evoluir para úlceras venosas.
Aos 78 anos, Trump enfrenta os naturais desafios físicos da idade. Ainda assim, sua equipe médica reiterou que a condição é considerada leve e está sob controle. Segundo a Casa Branca, não há recomendação de afastamento das atividades presidenciais nem de restrição em sua agenda oficial.
O comunicado foi feito em tom de transparência, numa tentativa de frear o crescente burburinho da imprensa americana, que nos últimos dias repercutia imagens de Trump com tornozelos visivelmente inchados e a mão direita coberta com maquiagem, supostamente para esconder os hematomas.
Momento político delicado
O diagnóstico chega em um momento sensível da presidência de Trump. Apesar de manter apoio expressivo entre eleitores republicanos, o mandatário enfrenta crescentes pressões dentro de seu próprio partido. Recentemente, seu nome voltou a ser associado ao escândalo envolvendo o financista Jeffrey Epstein, levantando novos questionamentos sobre seu passado e sua conduta.
Embora não haja comprovação de envolvimento direto de Trump no caso Epstein, documentos judiciais revelados nos últimos meses e depoimentos vazados reacenderam suspeitas entre parte da opinião pública. As acusações, mesmo sem desdobramentos legais concretos, têm minado parte da confiança de apoiadores mais moderados.
Além disso, fontes próximas ao Partido Republicano indicam que lideranças internas começam a considerar planos alternativos caso a saúde de Trump venha a se deteriorar. Uma possível convenção emergencial não está descartada, embora o nome do presidente ainda seja o favorito absoluto para a disputa presidencial de 2028.
A saúde como arma política
A saúde dos presidentes americanos historicamente se transforma em arma política ora usada por adversários como forma de deslegitimar o governo, ora tratada com sigilo extremo pelos próprios mandatários. Foi assim com Franklin Roosevelt, que escondeu por anos sua paralisia nas pernas; com John Kennedy, que omitiu a gravidade da doença de Addison; e mais recentemente com Biden, cujo desempenho físico foi criticado por opositores e até aliados.
No caso de Trump, a situação é ainda mais delicada, dado o estilo combativo e performático com que conduz seu governo. Qualquer sinal de fragilidade física pode ser lido como fraqueza política. Por isso, o pronunciamento da Casa Branca, ao mesmo tempo que busca a transparência, também tenta preservar a imagem de vigor do presidente.
Leavitt, que substituiu brevemente o cargo de Secretária de Imprensa durante o anúncio, deixou claro que o presidente não pretende alterar sua agenda nem modificar sua rotina. “Ele continua energizado, firme e plenamente capaz de liderar o país”, concluiu.
Nos bastidores, assessores próximos garantem que Trump está lidando com o diagnóstico com naturalidade e segue confiante. “Ele fez piada com os médicos, dizendo que suas mãos continuam boas para tuitar”, contou um funcionário sob anonimato.
Apesar do tom leve, os próximos dias devem ser cruciais para avaliar não apenas o quadro clínico do presidente, mas também os efeitos políticos de mais esse episódio em um mandato já marcado por polêmicas, desafios e desgaste internacional.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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