O Ministério Público da Itália emitiu parecer favorável à extradição da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL‑SP) ao Brasil, conforme confirmado pela Advocacia‑Geral da União (AGU). Apesar disso, a decisão final depende do ministro da justiça italiano, Carlo Nordio, que terá a palavra definitiva sobre a devolução da deputada ao país.
Zambelli, presa em Roma, foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. A deputada deixou o Brasil após a condenação, buscando evitar a execução da pena.
Com apuração exclusiva do MD News, foi possível acompanhar toda a movimentação diplomática relacionada ao caso. O embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, se encontrou com o ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, destacando a atenção do governo brasileiro ao processo de extradição. O ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condenação de Zambelli, também acompanha de perto os desdobramentos para garantir que ela cumpra a pena em território brasileiro.
A Justiça italiana mantém Zambelli presa até o final do processo de extradição, considerando elevado risco de fuga. Todos esses movimentos diplomáticos e políticos indicam que o caso caminha para uma possível extradição, com forte interesse do Brasil na devolução da deputada licenciada, que foi a parlamentar feminina mais votada nas eleições de 2022.
Esses acontecimentos não se limitam a Brasília: Roma também acompanha de perto cada passo do processo, mostrando que o caso Zambelli mobilizou o Ministério Público Italiano e manteve as autoridades europeias alertas sobre a tramitação judicial.
Carla Zambelli foi considerada foragida da Justiça brasileira e incluída na lista de procurados da Interpol antes de ser presa em Roma, em 29 de junho. Desde então, cumpre prisão na penitenciária feminina de Rebbibia, aguardando a tramitação do processo de extradição.
O governo brasileiro formalizou o pedido de extradição em junho, acrescentando outra condenação da deputada: em agosto, o STF fixou cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma.
Zambelli passou por três audiências de custódia, mas teve todos os recursos negados e segue em regime fechado. Em agosto, a Corte de Apelação de Roma rejeitou pedidos de liberdade provisória ou prisão domiciliar, alegando fortes indícios de risco de fuga.
Na semana passada, a defesa apresentou um pedido à Corte Interamericana de Direitos Humanos para a libertação da deputada, alegando insuficiência de tratamento de saúde na penitenciária. O documento recebeu assinatura de senadores como Flávio Bolsonaro, Damares Alves, Magno Malta e Eduardo Girão.
Carla Zambelli permanece como figura central no processo de extradição, cuja tramitação envolve decisões judiciais internacionais e intensos movimentos diplomáticos entre Brasília e Roma. O desfecho do caso será acompanhado de perto, dada a complexidade legal e política que envolve a devolução de uma deputada licenciada condenada pelo STF.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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