Após anos de queda contínua, o Brasil volta a acender um sinal vermelho: o número de fumantes no país está aumentando. Pela primeira vez desde 2007, a proporção de adultos que consomem produtos derivados do tabaco subiu de forma significativa. Em um ano, o índice saltou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024. O dado acende um alerta nas autoridades de saúde pública e especialistas em prevenção, que veem no fenômeno um retrocesso preocupante.
O aumento não está restrito a um grupo específico. Homens, mulheres e, especialmente, os jovens estão voltando ao vício. Um dos principais vilões desse novo cenário é o cigarro eletrônico, conhecido como vape. O consumo desse tipo de produto passou de 2,1% para 2,6% da população, segundo os levantamentos mais recentes.
A situação ficou ainda mais grave nesta semana. Na quarta-feira (28), foi confirmada a morte de uma adolescente de 15 anos no Distrito Federal. De acordo com a Secretaria de Saúde, a jovem teve complicações causadas por pneumonia e por uma condição conhecida como EVALI, lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico. Os médicos que atenderam o caso foram categóricos ao afirmar que o uso do vape agravou o quadro clínico da adolescente.
Diversos fatores contribuíram para o retorno do cigarro ao cotidiano dos brasileiros. Um deles é a baixa tributação sobre os produtos de tabaco, o que reduz o preço ao consumidor. Outro é a diminuição das campanhas de conscientização contra o fumo, que foram, por décadas, decisivas para o declínio do número de fumantes no Brasil.
Mas talvez o elemento mais preocupante seja a glamourização do fumo nas redes sociais. Influenciadores e celebridades, muitas vezes de forma indireta ou até ilegal, acabam promovendo o uso de cigarros eletrônicos como algo moderno, recreativo e até saudável o que está longe de ser verdade.
Além disso, há o agravante da comercialização clandestina. Mesmo proibidos pela Anvisa desde 2009, os vapes são encontrados com facilidade nas ruas, em tabacarias e até por aplicativos de entrega. Muitos são importados sem controle de qualidade e podem conter substâncias tóxicas em níveis ainda mais altos que os cigarros convencionais.
Os impactos do tabagismo, seja ele tradicional ou eletrônico, são inúmeros. O Ministério da Saúde lembra que o cigarro está diretamente relacionado a mais de 50 doenças, entre elas vários tipos de câncer, doenças respiratórias crônicas, cardiovasculares e problemas de fertilidade.
O custo social e econômico também é alto. Para cada R$1 arrecadado em impostos da indústria do tabaco, o governo brasileiro gasta R$5 com os danos provocados pelo fumo. Os gastos envolvem tratamentos médicos, aposentadorias por invalidez, internações e mortes prematuras.
Apesar do cenário preocupante, o Brasil tem uma rede de apoio consolidada para quem deseja largar o vício. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para fumantes em unidades de saúde de todo o país. O tratamento inclui consultas, acompanhamento com equipe multidisciplinar e, quando necessário, medicação.
Além disso, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) disponibiliza materiais educativos e orientação pelo site https: www.inca.gov.br. Há ainda o Disque Saúde (136), canal do Ministério da Saúde para tirar dúvidas e orientar a população.
Por Alemax I Revisão: Daniela Gentil
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