Aborto e contexto político levaram emissora a desistir de “Rosa dos Ventos”, que não poderá ser exibida em outra plataforma.
A novela Rosa dos Ventos, de Glória Perez, foi cancelada pela TV Globo antes mesmo de entrar em produção. Segundo a emissora, a decisão ocorreu porque a trama trataria do aborto — tema considerado delicado. O cancelamento também culminou no fim do contrato fixo da autora com a casa, já que Glória não topou criar um novo projeto.
Prevista inicialmente para substituir o remake Vale Tudo, que vai ao ar até outubro, a novela chegou a ser trocada de lugar na fila de autores, assim cederia espaço a um projeto de Aguinaldo Silva. Com o impasse temático e o clima político previsto para o ano, a Globo optou por arquivar a produção de forma definitiva.
Ambientada no Rio Grande do Sul, a história abordaria questões como violência contra a mulher, gravidez indesejada e ambições políticas. O elenco principal teria nomes como Grazi Massafera, Murilo Benício, Giovanna Antonelli e Sheron Menezzes, além de possíveis participações de Rômulo Estrela e Isis Valverde.
A trama giraria em torno de Cibele (Grazi Massafera), uma ex-modelo que reencontra um antigo admirador (Murilo Benício). Após engravidar, ela é pressionada a abortar, mas resiste. O personagem de Benício, então, forja uma reconciliação para dopá-la e forçar o procedimento. A história evoluiria para a vingança de Cibele e seu envolvimento com o filho do empresário (Rômulo Estrela), com quem formaria o par romântico principal.
A personagem de Giovanna Antonelli, Mabel, seria a esposa do empresário e candidata a um cargo político no estado. Para ajudá-la a se aproximar da cultura local, ela contrataria uma assessora vivida por Sheron Menezzes. A proposta da autora era manter o foco no drama humano para evitar polarizações políticas diretas: “Eu não divido plateia — eu uno. Só me interessa o lado humano nos temas que abordo”, afirmou Glória ao Estadão.
Por ser um texto de propriedade da emissora, Glória Perez não poderá desenvolver Rosa dos Ventos em outras plataformas, como serviços de streaming ou canais concorrentes.
Por Bruno Dames | Revisão: Daniela Gentil