O Brasil ocupa posição estratégica no cenário global ao deter cerca de 21 milhões de toneladas de Elementos Terras Raras (ETR), equivalentes a 23% das reservas conhecidas no planeta, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB) e o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O SGB, responsável pelo mapeamento geológico e avaliação do potencial mineral, identifica áreas promissoras e coleta dados essenciais para a viabilidade técnica e econômica da exploração.
As terras raras são estratégicas para setores como energia limpa, eletrônicos, veículos elétricos, defesa e aeroespacial. Estão presentes em turbinas eólicas, motores elétricos, baterias avançadas, satélites, mísseis, equipamentos médicos, fibras ópticas e telas de alta definição. Embora abundantes na natureza, são consideradas críticas devido à complexidade e ao alto custo de extração e beneficiamento. Especialistas defendem políticas para evitar que o Brasil exporte apenas matéria-prima bruta e para fomentar a industrialização.
As principais ocorrências estão em Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Bahia e Sergipe. Em Araxá (MG) está a única reserva oficialmente reconhecida do país, e em Minaçu (GO) funciona a mina de Serra Verde, a primeira fora da Ásia a explorar um depósito de argila iônica, considerado o mais rentável para terras raras pesadas.
De acordo com o diretor-presidente do órgão, Inácio Melo, o trabalho subsidia políticas públicas, orienta investimentos privados e fortalece a presença brasileira em cadeias produtivas ligadas à transição energética, segurança alimentar e desenvolvimento tecnológico.
Apesar do potencial, a produção nacional ainda é pequena: em 2024, foram extraídas apenas 20 toneladas, menos de 1% da produção global, estimada em 390 mil toneladas. A China mantém a liderança em reservas, produção e tecnologia de refino, dominando a cadeia global.
Para Melo, o protagonismo brasileiro nesse setor é inevitável. Ele afirma que, com investimentos em tecnologia, infraestrutura e políticas sustentáveis, o país pode transformar potencial em liderança global. “O mundo caminha para uma economia verde e digital, e as terras raras estão no centro dessa transformação. O Brasil precisa agir agora para garantir benefícios econômicos, tecnológicos e sociais para as próximas gerações.”
Por Joshua Perdigão | Revisão: Daniela Gentil
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