O Dia do Trabalhador, comemorado em 1º de maio, é uma das datas mais emblemáticas do calendário mundial. Mais do que um simples feriado, a data carrega um passado de sangue, resistência e conquistas históricas para milhões de trabalhadores em todo o planeta. No Brasil, sua celebração revela não apenas a influência de lutas internacionais, mas também a trajetória única de mobilização da classe operária nacional.
Por que o Dia do Trabalhador é em 1º de Maio?
A escolha do 1º de maio remonta ao ano de 1886, quando trabalhadores norte-americanos, liderados por sindicatos e movimentos anarquistas, realizaram uma grande greve em Chicago, exigindo a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A manifestação ganhou força em diversas cidades, mas foi em Chicago que a repressão policial resultou em mortes e prisões — um episódio que ficou conhecido como a Revolta de Haymarket.
Três anos depois, em 1889, durante o Congresso da Segunda Internacional Socialista, realizado em Paris, a data foi oficialmente reconhecida como o Dia Internacional dos Trabalhadores, em homenagem aos mártires de Chicago. Desde então, o 1º de Maio passou a ser um símbolo de luta e mobilização da classe operária em diversos países.
Quando começou no Brasil?
No Brasil, o Dia do Trabalhador foi celebrado pela primeira vez em 1895, na cidade de São Paulo, por iniciativa de operários ligados a movimentos anarquistas e socialistas. As primeiras manifestações tinham um caráter político e reivindicatório, com comícios, discursos e passeatas. O reconhecimento oficial veio somente em 1925, quando o então presidente Artur Bernardes decretou feriado nacional.
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder nos anos 1930, a data ganhou contornos institucionais. Vargas passou a utilizá-la como palco para anunciar medidas e reformas voltadas aos trabalhadores, aproximando o Estado dos sindicatos e consolidando a imagem do “pai dos pobres”. Foi em um 1º de Maio, por exemplo, que Vargas anunciou o salário mínimo em 1940.
Avanços e conquistas do trabalhador brasileiro
Desde os primeiros movimentos operários até os dias atuais, os trabalhadores brasileiros conquistaram diversos direitos fundamentais. Entre os marcos mais importantes, destacam-se:
1930 a 1943: Criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – A CLT, instituída por Getúlio Vargas em 1943, unificou as leis trabalhistas e garantiu direitos como férias remuneradas, jornada de oito horas, descanso semanal, carteira de trabalho e aposentadoria.
1988: Constituição Federal – A Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, ampliou a proteção ao trabalhador, estabelecendo direitos como seguro-desemprego, FGTS, licença-maternidade de 120 dias, estabilidade da gestante e jornada máxima de 44 horas semanais.
Anos 2000: Valorização do salário mínimo – Durante os anos 2000, o salário mínimo teve reajustes acima da inflação, promovendo maior poder de compra e contribuindo para a redução da desigualdade.
2013: PEC das Domésticas – Aprovada em 2013, a Emenda Constitucional nº 72 assegurou aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos dos demais empregados, como FGTS, jornada controlada e adicional noturno.
2017: Reforma Trabalhista – Aprovada sob o argumento de modernizar a legislação, a reforma flexibilizou direitos e fortaleceu os acordos individuais e coletivos. Apesar das críticas, promoveu mudanças profundas na relação entre empregado e empregador.
O desafio do presente: precarização e informalidade
Apesar dos avanços, os trabalhadores brasileiros enfrentam, atualmente, novos desafios. A crescente informalidade, a falta de proteção para quem atua por meio de aplicativos, o desemprego estrutural e a baixa valorização salarial preocupam especialistas. As transformações tecnológicas e as crises econômicas também impactam o mercado de trabalho, exigindo novas formas de organização e luta.
Além disso, o enfraquecimento de sindicatos, cortes em políticas sociais e a redução de investimentos em fiscalização trabalhista são obstáculos para a garantia de direitos já conquistados.
Uma data para lembrar, lutar e avançar
O 1º de Maio segue sendo uma data que ultrapassa o descanso. É um dia de memória, para lembrar as vidas perdidas na luta por condições mínimas de dignidade, e também um momento de reflexão sobre os caminhos a seguir. A história mostra que nenhum direito foi concedido gratuitamente — todos foram conquistados com união, resistência e sacrifício.
No Brasil, o futuro do trabalho dependerá de políticas públicas comprometidas com a justiça social, de mobilização popular e do reconhecimento de que o trabalho digno é um pilar fundamental para uma sociedade democrática.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil