Carla Zambelli, deputada brasileira com cidadania italiana, vive um dos momentos mais críticos da carreira política. No dia 27 de novembro, a Justiça italiana vai realizar a audiência que pode definir se ela será extraditada para o Brasil.
Zambelli está presa na penitenciária de Rebíbia, em Roma, desde 29 de julho de 2025. Até agora, passou cerca de 111 dias sob custódia da Justiça italiana. A detenção ocorreu depois que a Interpol incluiu o nome da parlamentar na lista vermelha, atendendo ao pedido de extradição feito pelo Brasil.
O pedido se baseia em uma condenação por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça, com inserção de documentos falsos, o que resultou em uma sentença superior a 10 anos de prisão. A Justiça brasileira também aponta outra condenação por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, ligada a episódios ocorridos durante o período eleitoral de 2022.
Para que a extradição seja confirmada, o processo na Itália ocorre em duas etapas. A primeira depende do Ministro da Justiça, Carlo Nordio, responsável por autorizar ou não a entrega. Em seguida, a decisão passa para a Primeira-Ministra italiana, que pode ratificar ou rejeitar o pedido.
A defesa de Zambelli tem usado a política como principal argumento, sugerindo que a Primeira-Ministra, identificada como conservadora e alinhada a valores semelhantes aos do bolsonarismo, poderia bloquear a extradição por motivações ideológicas.
Para os advogados, existe risco de que o caso deixe de ser apenas jurídico e passe a ser influenciado por fatores políticos. Caso esse cenário se confirme, o veto da chefe de governo pode se tornar decisivo, mesmo se o Ministro da Justiça der parecer favorável à extradição.
Por outro lado, fontes do governo italiano destacam que o posicionamento firme do Ministério Público a favor da extradição, somado à gravidade das acusações, reforça as chances de que o pedido brasileiro seja aceito, mesmo com a cidadania italiana da deputada.
Mais do que um processo de extradição, o caso envolve diferentes camadas que conectam Brasília e Roma. O desfecho depende da diplomacia, da Justiça e de decisões políticas que transformaram o caso Zambelli em um dos maiores impasses jurídicos entre Brasil e Itália nos últimos anos.
Os olhos da Justiça brasileira agora se voltam para as decisões que serão tomadas por Giorgia Meloni e Carlo Nordio, que têm em mãos a possibilidade de definir o futuro de Carla Zambelli.
*Em atualização
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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