O senador Ciro Nogueira (PP-PI) visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A visita foi autorizada pelo próprio Moraes, que impôs restrições ao ex-mandatário no âmbito de investigações conduzidas pela Polícia Federal.
“Saindo agora da casa do meu presidente Jair Bolsonaro. Fui autorizado pelo relator, seguindo todas as normas”, afirmou o senador em vídeo, destacando o encontro como um gesto de solidariedade. Ele descreveu Bolsonaro como “triste, mas com fé em Deus e no Brasil”.
Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil e aliado próximo de Bolsonaro, foi recebido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na residência oficial do casal, localizada no condomínio Solar de Brasília.
Desde 18 de julho, Bolsonaro está sujeito a medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas sem autorização judicial e veto ao uso de dispositivos eletrônicos, inclusive por terceiros.
Durante uma operação recente, a Polícia Federal apreendeu o celular do ex-presidente e outros materiais. Há suspeitas de que Bolsonaro tenha orientado a divulgação de mensagens nas redes sociais com ataques ao STF, mesmo após deixar o cargo, o que reforçaria a necessidade de limitar seu contato com aliados.
Visita com impacto político
A presença de Ciro Nogueira foi lida como gesto de apoio e tentativa de manter Bolsonaro no centro das articulações para 2026. Líder do Progressistas e figura influente no Centrão, o senador sinaliza que o bolsonarismo segue vivo nos bastidores, mesmo com o ex-presidente fora da vida pública.
Entre aliados, o gesto foi elogiado como demonstração de lealdade. Críticos, no entanto, viram a visita como tentativa de interferência política nas decisões judiciais.
Resistência e futuro incerto
Aliados de Bolsonaro têm investido na narrativa de perseguição política, comparando sua situação a opositores de regimes autoritários na América Latina. Declarações recentes de Eduardo Bolsonaro, pedindo sanções internacionais contra o Brasil, reforçam essa estratégia de resistência simbólica.
Apesar da instabilidade jurídica, Bolsonaro ainda é visto como liderança-chave na direita. No entanto, seu futuro político dependerá do desfecho das investigações em curso e do posicionamento das instituições judiciais.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil
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